Jorge Ary Ferreira.
Um rapaz chamado Thomas, terminou seu curso de medicina nos Estados Unidos.
Após a cerimônia de colação de grau, retornou para sua casa, e encontrou seu pai com a chave de um veículo zero quilometro que havia comprado, para presenteá-lo por sua formatura, dizendo o seguinte:
- Thomas, o orgulho de um pai é formar um filho, você está me dando esse prazer de poder vê-lo formado, gostaria que aceitasse esse presente de seu velho pai.
O filho ficou sem chão, e com lágrimas nos olhos, ponderou:
- Mas pai, hoje formado, logo estarei trabalhando e poderei comprar um carro, não havia necessidade de gastar dinheiro com isso agora.
O coroa, com o peito cheio de orgulho lhe disse:
- Não filho, gostaria muito de ter feito isso a mais tempo, você cursou sua universidade sem um veículo próprio, chegando atrasado nos seus compromissos, e infelizmente por dificuldades financeiras não pude fazer isso a mais tempo, portanto eu lhe peço que aceite, é de coração!
O filho abriu os braços, entendeu que não tinha como demovê-lo daquela ideia, resolveu aceitar, abraçando-o longamente e dizendo o seguinte:
- Ok pai, vou aceitar sim, e lhe digo mais, já que meu tempo está livre por alguns dias, vou aproveitar o carro novo para rever vovô e Vovó que a cinco anos não os visito.
Aproveitou o final da noite para separar alguns pares de roupas, escova, sabonete... o básico para uma viagem sem luxos.
À noite, procurou dormir o mais rápido, para cedo tomar o café com os pais e cair na estrada, assim foi feito.
As seis e meia da manhã, já estava longe, calculou que necessitaria dirigir por um dia e meio sem pressa. Aproveitando a monotonia da viagem para fazer uma reflexão sobre tudo, e pensar nos passos seguintes que a vida lhe cobraria daí para diante.
Por volta de meio dia parou para almoçar, em um restaurante que lhe pareceu familiar, comida caseira de boa qualidade, comeu pouco para não correr riscos com imprevisto gástricos, comum nessas situações, aproveitou para ir ao banheiro, uma garrafinha de água mineral para levar, novamente caiu na estrada...
Por volta das três e meia da tarde, lembrou de verificar o combustível, foi então que percebeu que estava prestes a pregar, pois seu carro já estava na reserva, continuou a viagem já preocupado pela possibilidade de uma pane seca; para sua sorte, logo avistou um vilarejo, e uma placa a margem da estrada, indicando que um posto de combustível estava a sua frente. Chegando ao vilarejo, a primeira edificação era justamente o posto anunciado na placa, porém, estava fechado, abordou a primeira pessoa que encontrou, e indagou:
- Meu senhor, estou passando e preciso abastecer, me informe quem pode me atender para que possa seguir viagem.
O camarada olhou e disse:
- Ah meu amigo, você não vai conseguir abastecer agora.
- Mas porque, eu estou longe do meu destino...
- Sim, mas está fazendo meia hora, que a filha do proprietário desse posto surtou, o namorado rompeu o namoro, e ela teve morte súbita.
Thomas ficou pensativo, como não havia o que fazer, uma vez que não tinha combustível para continuar a viagem, resolveu procurar uma hospedaria. Entrou no vilarejo, e logo uma pequena aglomeração lhe chamou atenção, foi até lá, para saber onde podia passar a noite, percebeu que se tratava da família desesperada pelo falecimento da mocinha.
Aproximou-se, apresentou-se, identificou as dificuldades do pequeno povoado, uma delas, era justamente a ausência de médicos. Ele então explicou que era recém-formado e que se colocava a disposição da família.
Assim que o pai da garota soube da presença de um médico na comunidade, pediu sua ajuda, implorando que salvasse a vida de sua filha. Ele explicou sua recém formatura, mas, o que se estivesse a seu alcance ele faria.
Chegando ao quarto em que se encontrava o corpo da garota, verificou os sinais, observou o que pode, pediu que deixassem somente o pai da garota com ele, e esclareceu sua avaliação:
- Bom meu amigo, em primeiro lugar, gostaria de lhe dizer que posso estar errado, mas, sua filha foi acometida de uma forte emoção, ela está em um estado que denominamos de catatônico, e na minha avaliação ela pode ser reanimada sim...
- Então trate Dr., veja o que o Senhor Pode fazer, diga quanto custa....
- Não se trata de dinheiro. Esses casos, um choque emotivo é muito bom para reanima-la. Me diga uma coisa, onde está o namorado dela?
- Está aí na frente, está se culpando...
- O Sr. Se importaria se eu pedisse a ele para fazer amor com sua filha, nesses casos pode dar certo, tomada pela emoção ela deverá recordar os sentidos?
- Olhe Dr. Na situação em que ela se encontra eu vou me importar com que? De jeito nenhum, pode tentar....
Rapidamente chamaram o namorado, que tomou ciência da missão, topou, foi só os dois saírem do quarto e o rapaz tratou de dar conta do serviço....
Com poucos minutos, os dois saíram do quarto, ela bem, alegre, foi aquela festa, carregaram o médico, foguetes....
Assim que sentou um pouco a poeira, ele explicou ao pai a necessidade de abastecer seu carro para prosseguir a viagem.
- Não Dr. Thomas, o Sr. Vai festejar conosco.
- Lhe agradeço a cordialidade, mas, preciso realmente partir, meus avós estão me aguardando.
- então me diga quanto custa o seu trabalho?
- Nada disso, estou feliz por ter conseguido, não precisa pagar não senhor.
Chamou o bombeiro, e ordenou:
- Abasteça o carro do Dr. Veja mais o que ele precisa e não aceite pagamento de nada, faço questão que seja de graça.
Despediram-se de forma bastante calorosa, aplaudiram sua partida, e assim prosseguiu sua viagem ao encontro de seus avós.
No dia seguinte chegou em seu destino, a casa dos avós, foi aquela festa, bolo especial para brindar a visita, parentes que a tempos não via. Cinco dias matando a saudade da infância, revendo amigos, e como sempre acontece nesses momentos prazerosos, o tempo passa muito rápido, logo chegou o dia de seu retorno, explicou aos avos a necessidade de retornar, e cuidar do futuro profissional.
Saboreou o ultimo café da manhã com os avós, despediu-se de todos, e caiu na estrada de volta para casa.
Pensando na vida durante o início do retorno, resolveu controlar seus abastecimentos de forma que um pudesse ser justamente no posto do vilarejo, até para ter noticia dos novos amigos. E assim procedeu.
No dia seguinte parou no vilarejo, e para sua surpresa, estava tudo fechado novamente, ninguém no posto, a rua vazia, quando viu alguém cochilando ao lado da bomba do posto, aproximou-se e reconheceu, tratava-se justamente do namorado da garota, que havia pedido para fazer amor, e o acordou, dizendo:
- Olá meu amigo, o que está acontecendo, porque está tudo fechado novamente?
O rapaz acordou, passou as mãos nos olhos, e tomado de emoção explicou:
- Ah Dr. Nem lhe conto, passei a noite aqui lhe esperando, graças a Deus que o Senhor chegou, ontem, neste mesmo horário, deu uma dor tão grande no peito do meu sogro, ele só deu um grito e caiu durinho, olhe Dr., desde ontem que nós estamos enrabando ele de todo jeito e nada dele acordar!
“Diga não a automedicação, o remédio que faz bem para você, pode não fazer para o outro”!
Obs. Texto adaptado da revista Seleções!
Jorge Ary Ferreira
10/02/21
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