Por Alessandro Savino.
Era dezembro os filhos(as) da terra querida retornavam dos períodos escolares e trabalho nas capitais do país, enquanto o barco terminava o processo de amarras nas docas, um passageiro debruçado na mureta do navio, que há muitas luas deixara a cidade, em voz alta sintetizava o amor dos obidenses pelo seu rio e torrão declamando trechos de um conto do celebre escritor conterrâneo José Veríssimo “Debruçado na amurada no navio contemplo o grande rio que amo com amor de filho. Viu-me nascer. O murmúrio de suas ondas na praia adormeceu-me, enquanto suas áureas me embalavam a pequena rede: Amo-o”.
Eles traziam consigo as lembranças das últimas férias, das juras de amor não ditas, das travessuras, brincadeiras e dos sabores das guloseimas que são peculiares nos lares das famílias da Cidade Presépio. E nas malas os últimos Lps de Roberto Carlos, Fagner, Simone, Rita Lee entre outros, que em breve seriam tocados nas vitrolas das residências pauxiaras. E não menos importante a velha amiga bola de futebol que rolaria nos “gramados/pedregosos” do Barreirão em todas as tardes do período de vacância.
Era perceptível a mudança dos ares da cidade, ela ficava mais festiva, os aromas de Jasmim e Lírios do Campo invadiam as casas dos Obidenses.
Lembro que o Natal pra nós sempre foi e até hoje é uma data sagrada, os pais passavam para os filhos, a Historia do “Menino Jesus” de uma maneira bastante singela. A narrativa sempre era feita de modo sereno, durante a montagem dos presépios, armação e decoração das árvores de natais.
Antigamente comemorava-se o Natal com grande e memoráveis almoços com a família toda reunida em torno da mesa, eram momentos de pura alegria e solidariedade.
As crianças aguardavam o Natal contando os dias nas folhinhas das páginas destacáveis e nos dedos das mãos. O Natal era o dia mais feliz do ano. A criançada feliz da vida, todo mundo de brinquedo novo a maioria adquirida nas Casas Fluminenses de propriedade do saudoso Senhor Dirceu. Os meninos/meninas ganhavam carrinhos, bolas, bicicletas Caloi/Monark, revólveres de espoletas, bonecas, joguinhos de panela e cozinhas das marcas Atima, Trool, Gulliver, Estrela, Glaslite, Balila, Elka, Mimo e Candide.
No dia 25 de Natal, à tarde todos os caminhos levavam a Praça de Sant’Ana, lá a garotada iria exibir seus presentes e saborear o festejado tacaca e berlinda da Dona Basília, enquanto os outros se dirigiam para a barreira para contemplar os matizes do Rio Amazonas em mais um por do sol inolvidável, concomitantemente os Gaviões Reais ficavam planando sobre nossas cabeças, aproveitando as correntes de ar quente e traziam sobre suas asas o presságio de um Ano Novo cheio de Esperança, Realização, Paz e Amor.
Feliz Natal a Todos os Conterrâneos!
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