NÓS ÉRAMOS ASSIM

NÓS ÉRAMOS ASSIM

Artigo de Alessandro Savino, “Nós Éramos Assim”, fala sobre a juventude da década de 80 em Óbidos.

Alessandro Savino. 

Não apenas eu, mas todos nós éramos assim ou quase todos nós éramos assim, sim nós éramos assim, cheio de sonhos e esperanças.

Nós éramos assim responsáveis pelos os que estavam a nossa volta e caminhavam conosco.

Nós talvez imaginávamos o que significava as palavras: solidariedade, Amar, Respeito, Proteção, Amizade e Gratidão. Hoje com o passar das dobras do tempo todos nós compreendemos o que significa a exuberância e riqueza de sua definição.

Nos anos oitenta a Juventude Obidense que residia no centro da cidade quebrou as fronteiras e se aglutinou numa só. A turma da Praça de Sant’Ana ou Barreirão .…

Hoje percebemos como incrivelmente éramos felizes .… Nós éramos assim: brincantes de Peteca, Triangulo, Torete, Belário, Policia/ladrão, Pião, jôjô ou esconde e esconde, Cemitério, Cabo de Guerra, Brincadeiras de Rodas, Cabra Cega, quadrilha , Céu/Macaca, Bole Bole, Pulávamos Corda, empinávamos papagaio ou pipa, nadávamos nos rio e Igarapés, subíamos com um tronco de árvore nas costa até o Porto de Cima, jogávamos no rio e íamos nadando até o meio do rio Amazonas e deixava a correnteza nos levar , quando chegávamos em frente a Cabeça do Padre todos nós pulávamos e íamos nadando até a praia, subíamos a Serra da Escama pra brincar de Tarzan e se embalar nos Cipós das Sumaumeiras, Pescávamos e Balávamos Passarinhos, pegávamos borboletas pra vender pra Saudosa Maria Delza , seu Ernesto Imbelloni,  e também para o Sr. Gilberto Borboleta. Acampávamos no ´Pingo D’água, jogávamos bola na rua, no Barreirão e no Estádio General Rego Barros, Jogávamos Volleyball na ARP, Mariano, Quartel, Ping Pong na ARP, Mariano e casa do Everton Carvalho, Subíamos no Pau de Sebo, Dançávamos Quadrilha e assistíamos as exibições dos Grupos folclóricos: A Garcinha, Arara. Os Bois Pai do Campo e Pintadinho, no Carnaval saíamos fantasiados de Mascarado Fobó, pegávamos nossas bicicletas que o Foco-Everaldo, chamava carinhosamente de Camelossauros e íamos lá pras bandas das Campinas, Engenho, A Poema e Curuçambá explorar os igarapés da Terras do centro, subíamos nos pés de Manga, Ingá, Goiabeira, Abacateiro, araçazeiro, Pitombeira, Castanholeira, Cajueiro, Cutiteiro, jambeiro, Sapotilheira , abilzeiro, Caramboleira e Laranjeira.

Descíamos a Rua Bacuri e íamos para o Trapiche observar os Barcos e Navios atracarem, cada um de nós gentilmente levava consigo um par de ovos chocos.....o barco atracava os obidenses desembarcavam e embarcavam, conversas, beijos e abraços e saudades pairavam no  ar...o barco desatracava, pois tinha que continuar viagem rio acima ou abaixo, ai começava as provocações do povo de outras cidades que estavam no barco “Chupa Osso”, “Chupa Osso”, quando eles menos esperavam eram surpreendidos por uma chuva de ovos chocos. Bons tempos e ingênuos eram aqueles.
Como eram lindos os dias do despontar de nossas existências, rezamos, estudamos catecismo com a Professora Ana Moda e recebemos a Primeira Comunhão na Igreja Matriz de Sant’Ana.

Brincávamos e letrávamos no Colégio José Veríssimo, São José, São Francisco e Felipe Patroni.

Andávamos sem os tampões dos dedos dos pés, joelhos ralados nada que uma infusão de álcool com Jucá ajudasse secar e cicatrizar, com entorse nos pés e as milagrosas intervenção do Sr. Luiz Bode, exímio puxador de deslocadura e seus óleos Andiroba, Copaíba e sebo de Holanda ou Carneiro.

E as paqueras desinteressadas que aconteciam na festa maior da Cidade, A Festa de Sant’Ana, sempre no mês de julho, duas semanas de festividade todos os caminhos levavam à Praça Barão de Rio Branco ou Sant’Ana, era lá que todos nós encontrávamos, e acontecia a famosa volta na praça... homens no sentido horário e mulheres no sentido anti-horário tendo como trilha sonora a seleção musical dos autofalante Acácia do Sr. Miguelzinho Carvalho.

Éramos assim uma cidade feliz, pacata, bucólica, que respirava e exalava cultura e esquecida em qualquer parte alguma na margem esquerda do Rio Amazonas. Houve um dia em que.... pela última vez eu e meus amigos de infância saímos para brincar nas ruas e voltamos pra casa sem que nenhum de nós soubéssemos que seria a última vez, pois, havíamos crescidos e já percebíamos o quanto os momentos mais simples da Vida são mais importante do que qualquer outra coisa em nossa jornada....e parafraseando o festejado Escritor Rio Grandense, Mário Quintana, queremos um dia poder dizer as pessoas que nada foi em vão... .... que o amor existe, que vale a pena se doar as amizades e às pessoas. Que a vida é bela sim e que sempre demos o melhor de nós .... e que valeu a pena.

Conterrâneos orgulham-se de serem obidenses.

Comentários  

0 #6 Everton 05-12-2023 11:18
Não havia rede social, mas sim a rede real. Éramos felizes, sim, apesar de tudo.
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0 #5 Lúcio Pinto 10-09-2023 14:33
Lembranças de uma infância/juventude sadia, que o tempo insiste em distanciar.
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0 #4 Raimundo Ubiraci Sarrazin da S 04-09-2023 10:43
Saudades. Meus amigis e fizemos também nos anos 70 .
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0 #3 Antonio Edilson Moraes 10-07-2023 19:34
Caramba vc voltou no tempo, só nos restam nostalgias tempos bons.
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+2 #2 Cleise Sarrazin 12-05-2023 12:25
Voltei no tempo... alguém por favor traga a década de 80 de 80 de volta.
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0 #1 Maria Bernadete Siqueira Macie 11-05-2023 13:54
FELICIDADE de um tempo muito bom.
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