Meteorologistas esperam cheia dentro da normalidade no Rio Amazonas em 2024

Meteorologistas esperam cheia dentro da normalidade no Rio Amazonas em 2024

O Serviço Geológico Brasileiro (SGB) divulgou na terça-feira, dia 2, previsões animadoras sobre a situação da cheia no Rio Amazonas para o ano de 2024. Após uma seca severa no último ano que afetou a região, as estimativas apontam para uma cheia dentro da normalidade, com menor volume de chuvas em comparação aos anos anteriores.

Alice Castilho, diretora de Hidrologia e Gestão Territorial do SGB, ressaltou os impactos da seca anterior, mencionando prejuízos significativos para a navegação, setor produtivo e ecossistema aquático. A divulgação das previsões com 75 dias de antecedência em relação ao pico da cheia visa preparar autoridades e comunidades ribeirinhas para possíveis impactos.

As previsões contemplam três importantes rios da região: Negro, Solimões e Amazonas. De acordo com Jussara Cury, pesquisadora de Geociências do SGB, a cheia deste ano não será de grande magnitude, com o pico esperado para junho. As projeções indicam que as cotas máximas dos rios devem ficar próximas das médias históricas em várias localidades, sem ultrapassar os níveis de inundação.

Para Manaus, a previsão é que o Rio Negro atinja nível de aproximadamente 27,21 metros (m), com a máxima de 28,01m. A medição do rio indicou cota de 23,73m. Pelo modelo utilizado, a probabilidade de que o rio atinja a cota de inundação em Manaus (27,50m) é de 32%. Para a cota de inundação severa (29,00m), a probabilidade é de 17,3% e, para a cota máxima (30,02m em 2021), de 0,02%. Em Itacoatiara e Parintins, as projeções sugerem níveis abaixo do esperado para a época, sem risco de inundação severa.

Marcelo Mota, superintendente da unidade de Manaus do SGB, destacou a importância dessas informações para a Defesa Civil e o governo local no planejamento de ações e alocação de recursos diante da iminente cheia. Ele enfatizou que a antecipação das previsões é crucial para proteger a população que vive nas margens dos rios.

No entanto, os especialistas alertam para a influência de fatores climáticos globais. Renato Senna, pesquisador do Instituto Nacional de Pesquisas da Amazônia, mencionou o fenômeno do El Niño e o aquecimento do Oceano Atlântico Norte como causas da escassez hídrica recente na região.

Embora a expectativa seja de uma diminuição do El Niño nos próximos meses, há preocupações com um possível surgimento do La Niña, que poderia intensificar as chuvas sobre a Amazônia. Gustavo Ribeiro, meteorologista do Centro Gestor Operacional do Sistema de Proteção da Amazônia (Censipam), aponta para a possibilidade desse fenômeno influenciar o clima a partir do segundo semestre do ano.

As projeções climáticas indicam variações na distribuição das chuvas ao longo do trimestre junho-agosto, com regiões como a metade sul da Amazônia prevendo chuvas abaixo da normalidade. Por outro lado, a faixa leste e noroeste poderia receber precipitações acima da média, caso o La Niña se concretize.

Diante desse cenário, autoridades e comunidades ribeirinhas devem permanecer vigilantes e preparadas para enfrentar os desafios que o clima trará nos próximos meses. A divulgação antecipada das previsões pelo SGB oferece uma oportunidade crucial para a implementação de medidas preventivas e a mitigação dos impactos da cheia na região amazônica.

Fonte: Agência Brasil

 

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