Cerca de 80 mil quelônios, entre Tartarugas da Amazônia (Podocnemis expansa), Tracajás (Podocnemis unifilis) e Pitius (Podocnemis sextuberculata) foram soltos na temporada de 2019 do Projeto Quelônios do Rio Trombetas (PQT), iniciada em setembro. Fechando a temporada, neste mês janeiro foram soltos cerca de 5 mil filhotes de Tartarugas da Amazônia.
As ações de soltura das Tartarugas da Amazônia são realizadas anualmente na região do Tabuleiro e as solturas dos Tracajás e Pitius ocorrem no Lago Erepecu. “A eclosão dos filhotes ocorre no período de setembro até janeiro. As 5 mil Tartarugas da Amazônia soltas em janeiro foram as últimas a nascer”, comenta Marco Aurélio da Silva, coordenador de pesquisa e monitoramento do NGI ICMBio Trombetas, que coordena o Programa Quelônios do Rio Trombetas, realizado há quase 40 anos nesta região.
Mais de 300 pessoas participaram do evento de soltura na região do Tabuleiro, entre voluntários e convidados da comunidade, ribeirinhos e quilombolas da região e universitários de Oriximiná e Santarém, no Pará, e de São Paulo. “Tivemos o aumento de filhotes liberados por temporada. Há uma década, tínhamos entre 25 a 30 mil liberados. Entre 2019, liberamos 80 mil quelônios. Com este projeto, conseguimos manter a população de quelônios, que teve declínio acentuado em anos anteriores a esta iniciativa. Se não fosse esse trabalho, essas espécies estariam extintas ou próximo da extinção”, relata Marco Aurélio da Silva.
Por meio do projeto, ainda segundo Marco Silva, ao conscientizar as pessoas para a proteção e manutenção dos quelônios, também é criada uma nova mentalidade das comunidades para a preservação de outros recursos ambientais da área de reserva na região. “Desta forma, é gerado um aspecto positivo para o ambiente como um todo e a comunidade se conscientiza de como se relacionar e manejar outros alvos de preservação da reserva como animais, plantas e produtos florestais”, declara.
Parcerias - A iniciativa faz parte do Projeto Quelônios do Rio Trombetas (PQT), desenvolvido pelo Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) em parceria com a Mineração Rio do Norte (MRN) e o Instituto de Pesquisas Ecológicas (IPÊ). Também conta com a participação frequente de mais de 100 comunitários quilombolas voluntários, totalizando 27 famílias, que trabalham na proteção, manejo e monitoramento de ninhos, ovos e filhotes nos tabuleiros de desova.
A MRN também é parceira, desde 2003, do projeto Pé-de-Pincha, que incentiva a preservação de quelônios em Oriximiná e Terra Santa. A empresa tem parceria com a Universidade Federal do Amazonas – UFAM, através de convênio MRN e UNISOL. A iniciativa, realizada há 20 anos, também tem parceria do Fundo Municipal do Meio Ambiente, através das Secretarias Municipais de Meio Ambiente (Semma), UNIDA e da UFOPA em Oriximiná.
Para MRN, participar destas duas grandes experiências (Projeto Pé de Pincha e Quelônios do Rio Trombetas) fortalece as iniciativas para preservação das espécies de quelônios na região. “É extremamente gratificante termos resultados positivos que tiveram engajamentos de vários parceiros, dentre eles: instituições públicas, comunitários, instituições de ensino, instituições privadas, comunidades ribeirinhas e quilombolas que também são voluntários engajados no cuidado e proteção da espécie. Esses resultados mostram o respeito ao meio ambiente e o cuidado genuíno que buscamos com as nossas comunidades e meio ambiente”, comenta Genilda Martins da Cunha, Analista de Relações Comunitárias Sênior na MRN.
Pé-de-Pincha - No dia 29/02 e no período de 06 a 15 de março deste ano, por meio do projeto Pé-de-Pincha, ocorrerá a soltura de cerca de 40 mil quelônios de quatro espécies: Tartaruga da Amazônia (Podocnemis expansa), Tracajá (P. unifilis), Pitiu/Iaçá (P. sextuberculata) e Calalumã/Irapuca (P.erythrocephala), em 18 comunidades de Oriximiná e cerca de 14.300 filhotes em sete comunidades de Terra Santa. Dia 29/02, na Fazenda Aliança, em Terra Santa, serão devolvidos à natureza 9.300 filhotes, monitorados também pelo Pé-de-Pincha, programa de extensão da Universidade Federal do Amazonas (UFAM), que é desenvolvido nestes municípios.
Para praticar essa iniciativa de conservação destas espécies, anualmente, são feitos treinamentos a cada etapa do projeto (coleta dos ovos, eclosão/nascimento e soltura participativa de filhotes), envolvendo acadêmicos voluntários da UFAM e da Universidade Federal do Oeste do Pará (UFOPA), além de comunitários também voluntários ribeirinhos e quilombolas de 18 comunidades de Oriximiná (PA) e 07 comunidades de Terra Santa (PA).
Capacitações - As capacitações na coleta dos ovos (outubro/2019) e na eclosão/nascimento dos filhotes (4 e 5/01/2020), ocorreram na comunidade da Casinha, localidade do Barreto, em Oriximiná (PA). Após esta capacitação, os acadêmicos foram designados para as comunidades, e os coordenadores visitaram as 18 comunidades, fazendo acompanhamento e reuniões. “Além do aumento do recurso quelônio, nosso monitoramento aumenta o número de peixes e de outros recursos, inibindo a caça e pesca predatória, pela presença dos monitores em campo. O resultado mais importante que alcançamos é a conscientização dos comunitários voluntários e seus filhos, que são os atuantes e multiplicadores das nossas ações”, relata Sandra Helena da Silva Azevedo, Coordenadora de Campo do Projeto Pé-de-Pincha em Oriximiná.
FONTE: MRN
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