Nesta quinta-feira (21), empresários dos municípios de Santa Izabel do Pará e Santa Bárbara participaram de intercâmbio na propriedade do piscicultor Eduardo Arima, que detém um projeto de criação de pirarucu em tanque suspenso, elaborado e implantado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater). Atualmente, Arima possui dois mil animais dentro de 10 tanques suspensos. O local onde ocorreu o treinamento fica na Estrada da Koréia, no bairro Santa Maria, no distrito de Benfica, em Benevides.
A carne nobre, conhecida como "bacalhau da Amazônia", é vendida para restaurantes da capital. Já o couro, com uma extração mensal de 2m², é testado em parceria com a Universidade Federal do Pará (UFPA) para, depois de curtido, abastecer o mercado europeu de alta-costura, constituindo bolsas, cintos e sapatos. O material é disputado no estilismo de luxo pelo caráter exótico, reciclado, ecológico e biodegradável.
Os tanques possuem 6 metros de diâmetro e 28 m³ de profundidade, com 180 peixes em cada, sendo esse considerado um adensamento condizente com a performance típica da espécie em seu habitat natural. Os peixes são abatidos em um ano, quando atingem 10 quilos.
"Neste momento, o foco é trabalhar a cadeia produtiva do pirarucu e fechar negócios com empresários, para expandir a prática, abrir novos mercados e consolidar o projeto. Em 2020, replicamos o mesmo projeto nas cidades de Terra Alta, Vigia Maracanã, Castanhal e Santa Izabel", explicou Thiago Catuxo, engenheiro de pesca da Emater, especialista em gestão ambiental.
Adeptos
As visitas técnicas são realizadas na propriedade no piscicultor Eduardo Arima quando surgem demandas de interessados em conhecer de perto o projeto e a tecnologia implantada pela Emater. Arima comenta que "a intenção é buscar adeptos para expandir a produção, em todo o Pará e assim fortalecer a cadeia produtiva".
Um dos participantes foi a piscicultora Domingas Teles, de Santa Bárbara, que trabalha com tambaqui, mas em tanque escavado. Ela avalia como "proveitosa" e que pretende, em breve, replicar o projeto em sua propriedade. "Gostei muito. Vou começar devagar, com um tanque. Já sou assistida pelo escritório local da Emater em Santa Bárbara e isso facilita muito o processo. O apoio é fundamental", conta.
Outorga
O piscicultor Eduardo Arima recebeu da Secretaria de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) a outorga de água, que é a concessão para o uso deste recurso natural em qualquer atividade que possa provocar alterações nas condições dos recursos hídricos, como abastecimento e irrigação, por exemplo.
"Desde que começou a trabalhar no projeto, o Arima tinha todos os protocolos de intenções com os órgãos competentes, ou seja, poderia desenvolver as atividades até a emissão efetiva do documento. Agora, com a outorga, o piscicultor poderá solicitar financiamento de crédito rural e estruturar sua atividade", comenta. Thiago Catuxo.
O cultivo de pirarucu em tanque é regido por normas governamentais de segurança e registro. São necessários, por exemplo, licença simplificada, conforme resolução do Conselho Nacional do Meio Ambiente (Conama) e Cadastro Técnico Federal (CTF) emitido pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama).
Incentivo
De acordo com Ricardo Barata, supervisor regional das Ilhas da Emater, as ações desenvolvidas pelo escritório local de Benevides, junto ao piscicultor, foram fundamentais para que ele conseguisse superar todas as etapas do processo de implantação e consolidação de normas e documentos.
"É o papel da Emater capacitar, incentivar e estar junto do produtor em todas as etapas. É gratificante saber que um produtor assistido tem uma visão ampla de futuro, de como, de fato, conduzir as coisas. O Arima tem feito a diferença, e por isso se tornou exemplo para os produtores da região", avalia o supervisor.
FONTE: Emater - Pa