Arapixuna recebe caravana do projeto “Memória Cultural e Meio Ambiente na Amazônia”

Arapixuna recebe caravana do projeto “Memória Cultural e Meio Ambiente na Amazônia”

Com a ajuda da comunidade, historiadores da Ufopa e pesquisadores internacionais digitalizaram documentos antigos que contam a história do lugar.

Pesquisadores da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa) estiveram, nos últimos dois anos, trabalhando na comunidade do Arapixuna e, com a participação efetiva dos moradores, realizaram trabalho de preservação do patrimônio material e imaterial do lugar. Os resultados desse trabalho foram apresentados aos comunitários durante o seminário “Memória e Meio Ambiente em Defesa do Patrimônio Cultural e da Floresta”, realizado na terça-feira, 12 de dezembro, na sede Conselho Comunitário do Arapixuna.

Os comunitários participaram em grande número do seminário, que contou com a presença do diretor do Arquivo Público do Pará, Leonardo Rotii; do representante do Conselho Nacional de Pesquisa Científica da França (CNRS), com sede no Rio de Janeiro, Pascal Singer; além de pesquisadores, estudantes do ensino médio, professores e líderes comunitários. Os alunos participantes do projeto receberam certificados e também tiveram um momento de confraternização.

A exposição “Apropriar, povoar e produzir: as cartas de datas e sesmarias da região do Arapixuna”, um dos resultados do projeto “Memória Cultural e Meio Ambiente na Amazônia”, desenvolvido pela Ufopa em parceria com a Associação dos Direitos Humanos da Amazônia (ADHMA) e com apoio do Instituto Gerda Henkel Stiftung da Alemanha, foi apresentada aos moradores do Arapixuna, durante o seminário de encerramento de uma das fases do projeto.

Bolsistas receberam certificado de participação no Projeto.

Reproduções de documentos dos séculos XVIII e XIX do governo de Portugal, cedendo terras a particulares na região do Baixo Amazonas, foram doados pelo diretor do Arquivo Público do Pará, Leandro Rotii, para a Associação de Moradores. Ele classificou de “extraordinário” o trabalho de “preservação do patrimônio imaterial do Arapixuna”, que foi conduzido pelos pesquisadores da Ufopa com o apoio das instituições estrangeiras e executado pelos moradores da comunidade, entre eles alunos do ensino médio, professores e líderes comunitários.

Outro ponto alto do seminário foi a pré-estreia do filme documentário “O mundo que ainda não foi”, do cineasta francês Ludovic Frossard. Em 40 minutos o filme mostra paisagens da região Oeste do Pará, em Óbidos, entre outros temas. “Nós pretendemos inscrever o filme para mostra em festivais de filme documentário na França e no Brasil”, informou Emilie Stoll.

Sobre o Projeto “Memória Cultural e Meio Ambiente na Amazônia” – É coordenado pelo Prof. Dr. Gefferson Ramos Rodrigues, do curso de História da Ufopa, e pela pesquisadora francesa Emilie Stoll – que estuda a região do Arapixuna há mais de dez anos. “Durante dois anos foram realizadas entrevistas com moradores da comunidade e do entorno, que compartilharam suas histórias de vida e conhecimentos tradicionais”. O Prof. Gefferson fez questão de ressaltar a participação dos comunitários na execução das ações, que foram definidas pelos próprios comunitários. “Estivemos aqui em 2018 numa missão, ouvimos os comunitários e recebemos essa demanda deles. Fomos em busca de parcerias para executar as ações do projeto Memória Cultural e Meio Ambiente na Amazônia”.

O projeto também ajudou na preservação do patrimônio material com a reforma da sede do Conselho Comunitário, que com a melhoria na infraestrutura e com os equipamentos doados pelo projeto (computador e escaneador) passou a ser o “Centro de Memória e Meio Ambiente de Arapixuna”, que vai passar a armazenar os documentos compilados e digitalizados no âmbito do projeto, informou o professor.

Os moradores digitalizaram documentos antigos (da associação de moradores e alguns de particulares, como por exemplo, atas de associações comunitárias, de clube de futebol e até um censo datado de 1973 com levantamento completo sobre as comunidades do entorno.

O projeto contou com a parceria da Associação de Defesa dos Direitos Humanos e Meio Ambiente da Amazônia (ADHMA). “O banco de dados criado aqui, por meio da digitalização desses documentos históricos, vai servir de suporte para futuras pesquisas sobre a comunidade”, argumentou o padre José Boing, que preside a associação.

Os estudantes também fizeram resgate da história oral por meio da gravação de entrevistas com os moradores mais antigos. As entrevistas foram transcritas e armazenadas. Já os documentos foram escaneados, e a partir de agora serão organizados em arquivos que poderão ser consultados por pesquisadores.

Albertino Joaquim da Silva, integrante do Conselho Comunitário do Arapixuna, foi um dos supervisores do projeto. Segundo ele, dentre os aprendizados adquiridos está o de que é “necessário valorizar a nossa terra, os conhecimentos dos nossos antepassados”.

Evely Lorrane da Silva Nogueira compartilha das ideias de Albertino. Ela foi uma das bolsistas do projeto, é estudante do ensino médio e diz que também aprendeu a valorizar a história dos antigos moradores. “Eu aprendi muito sobre a história da minha comunidade, muita coisa eu não sabia”. Para ela, a principal lição que fica é a de que deve se valorizar o conhecimento e a cultura do local onde se vive.

FONTE: Comunicação/Ufopa

 

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