No século XVIII, foi construída a primeira igreja de Óbidos, a Matriz de Sant’Ana, com a mesma técnica das demais edificações existentes na Aldeia Pauxis, erguida com material da região, folhas de palmeira para cobertura e barro para as paredes (taipa-de-pilão).
Frei João de São José, que esteve no povoado em 1762, descreve a primeira igreja, a Matriz de Sant’Ana, dizendo: “Igreja ordinária, coberta de folhas, e muitas casas pelo mesmo modo”.
Em 1758, quando Óbidos foi elevada a categoria de Vila, conforme o costume da época, Mendonça Furtado, mandou rasgar uma praça, provavelmente a Praça de Sant’Ana, depois chamada “Largo da Cadeia”, e hoje Praça Barão do Rio Branco, única existente até a construção da Capela do Bom Jesus, em 1855. Também, mandou levantar um pelourinho, lugar publico, onde se castigava os índios e pretos escravos, quando cometiam algum “delito”. Não sabemos quando esse pelourinho foi retirado dessa praça, mas provavelmente, após a Abolição da Escravatura, em 1888.
Vinte e quatro anos após a visita de Frei São Jose, em 1786, o General Martinho de Souza e Albuquerque, visitando a Vila de Óbidos e achando a Igreja Matriz de Sant’Ana arruinada, ordenou que, ao mesmo tempo em que se fizesse reparos na antiga igreja, se desse inicio a construção de uma nova, para que o engenheiro que o acompanhava, João Brown, escolheu o sitio apropriado e desenhou a planta do templo. Não se sabe porem, se os executores das obras, seguiram a planta desenhada por Brown.
João Palma Muniz, em sua obra “Delimitações Óbidos - Alenquer”, afirma: “Bem confronte a Igreja Matriz, que é dedicada a S. de Sant’Ana, acham-se ainda os restos dos alicerces da antiga Missão Pauxis ou Missão de Santana”. Conforme coreografias antigas, trabalhavam ali dois missionários Capuchos. O espaço físico usado pelos religiosos se limitava a região próxima ao “Forte Pauxis”, onde foi aberta a Praça, em 1758, no mesmo ano em que a Missão de Sant’Ana foi elevada a categoria de Paróquia, sendo seu primeiro vigário, o padre Cosme de Alfonseca.
A atual edificação da Igreja da Matriz de Sant’Ana, quando de sua edificação, iniciada em 1786 e concluída em 1827, foi prejudicada devido ao conflito entre a Coroa Real e o Clero que atuava na região, conflito este, que culminou com a expulsão dos religiosos da Amazônia, em 1759. Tal fato está ligado a política do Marquês de Pombal e seu irmão Mendonça Furtado, nomeado governador da Província do Grão Pará e Maranhão, em 1751, e que em 1755, já tinha projeto de libertação dos indígenas, posto em pratica, apenas em 1757 e 1758, devido a oposição e opressão dos religiosos e colonos que se negavam a libertar os índios.
A igreja em Óbidos, nas mãos dos padres seculares (pertencentes ao século, profanos, leigos, temporais) e irmandades religiosas que mal administravam os negócios da igreja, além da negação da mão-de-obra indígena, por diretores, fizeram com que as obras da Matriz de Sant’Ana, se arrastassem por 41 anos, de 1786 a 1827, quando, em 8 de fevereiro é inaugurada.
O Santuário de Sant’Ana, pelos problemas aqui apresentados, foi prejudicada em sua beleza “estética” e unidade de linha arquitetônica, o que a diferenciava das outras construções da sua época (séculos XVIII e XIX), como a Capela do Bom Jesus em Óbidos e as de outras cidades como Cametá e Vigia, que tem várias igrejas construídas nesse período, de uma beleza que lembra o velho mundo, bem ao gosto da época.
Os franciscanos em sua volta à Óbidos, em 5 de janeiro de 1809, após 150 anos de exílio, encontraram, o Templo, em péssimo estado de conservação, fazendo com que os padres Luiz Wangle e Peregrino Ribelerá, começassem a luta pela reconstrução do Templo, esmolando em toda a Paróquia.
Frei Rogério Rogers e Frei Gregório Broettec, chegado a Óbidos, em 1813, intensificaram as obras da Matriz que por dificuldades financeiras, eram constantemente interrompidas. As reformas foram executadas nas duas primeiras décadas desse século, quando a Paróquia se preparava para o centenário da Igreja Matriz (1827-1927).
Catedral de Sant´Ana na década de 90
A composição arquitetônica da fachada da igreja Matriz, inaugurada em 1827, permaneceu a mesma, até a segunda metade desse século, quando então recebeu uma serie de modificações que foram se agrupando ate atingirem a forma atual. Quanto ao seu interior, na década de 60, sofreu a perca irreparável com a demolição do altar mor, a mando de D. Floriano.
Foi nesse clima de avivamento da igreja que, em 1935, foi realizado o Primeiro Círio Fluvial de Óbidos, sendo Senhora Sant’Ana levada no segundo domingo de julho, à residência do casal Seixas Marinho, em barco enfeitado com flores de taxizeiro, onde os moradores da costa fronteira, reverenciavam a Santa e depositavam suas expostulas (suplicas, rogos) e ofertas o dia todo; ao cair da tarde, retornou a procissão fluvial à cidade. O povo que esperava no cais soltavam centenas de barquinhos com velas acesas que flutuavam nas águas iluminando o Rio Amazonas.
Em 2012 , ano em que a Prelazia de Óbidos transformou-se em Diocese de Óbidos, posteriormente a Catedral de Sant´Ana passou por uma grande reforma.
Fonte de Pesquisa: Museu Integrado de Óbidos
www.obidos.net.br - Fotos de João Canto
FOTOS EM VÁRIAS ÉPOCAS DA CATEDRAL DE SANT´ANA
http://obidos.net.br/index.php/obidos/museu-contextual/1269-painel-04-historico-da-catedral-de-sant-ana#sigProIdfadebc1b8e
Publicado originalmente em 09 de Agosto de 2017.