PAINEL 06: Capela de Bom Jesus

PAINEL 06: Capela de Bom Jesus

Em reparação a um sacrilégio cometido na Igreja Matriz, provavelmente no ano de 1800, foi construída pela população Obidense, a Capela do Bom Jesus, ou do “Desagravo”, no topo de uma colina que avançava para o interior do Rio Amazonas, atrás da Cadeia Publica.

Há duas versões populares quanto ao sacrilégio, que motivou a construção de tal Capela. Uma delas afirma que três homens ao chegarem a porta principal da Matriz, com os cálices que haviam roubado, se viram seguidos por uma legião de anjos, o que os fez abandonar os cálices na colina, que mais tarde deu lugar a Capela.

A outra versão conta, que mal feitores entraram na Matriz de Sant’Ana, roubaram os cálices e, do alto da colina derramaram as hóstias neles contidas. No dia seguinte a esse fato, encontraram as hóstias naquele mesmo lugar, cercadas de ovelhas ajoelhadas.

Vários episódios da historia de Óbidos, marcaram a existência da capela do “desagravo”, como a aclamação da independência do Brasil, em Óbidos, no dia 12 de novembro de 1823, quando nela foi celebrado o TEDEUM, um cântico em ação de graças. Solenidade como esta, aconteceram na capela do Bom Jesus ou Desagravo, por está na época, a Matriz de Sant’Ana, em péssimo estado de conservação.

Em 1827, ano de inauguração da Igreja Matriz, o estado de ruínas em que se encontrava a Capela do Desagravo, fez com que o povo de Óbidos, passasse a frequentar apenas a Igreja de Sant’Ana.

Em virtude da divisão da sociedade paraense em dois grandes grupos sociais – de um lado, comerciantes ricos, grandes funcionários civis e militares, além de religiosos, e, de outro negros escravos, tapuios, pretos livres, brancos pobres, etc, que habitavam casas de palha, as margens dos rios e que produziam riquezas de que não usufruíam – surgiu o “Movimento Cabano”.

A ocupação de Óbidos pelos revolucionários cabanos, que tomavam os bens das pessoas abastadas da cidade, fez com que o padre Raimundo Sanches de Brito, pároco local, pensasse que o fato se tratava de um castigo imputado por Deus à população, por ter esta, abandonado a Capela do Desagravo.

Apavorados com a situação, as famílias ricas prometeram construir uma nova capela do Bom Jesus, tão logo voltasse a paz à Óbidos e a Província do Grão Pará. Tal promessa foi adiada por 20 anos, em virtude dos prejuízos que sofreu a economia local em consequência da Cabanagem.

A construção da nova capela contou com financiamento das famílias abastadas e com o trabalho das pessoas humildes, como a escrava Eulália, o Sr. Laurindo Ferreira da Silva e muitos outros escravos, cedidos por seus senhores, para trabalhar na edificação da nova capela, inaugurada no dia 04 de outubro de 1855.

A capela do Bom Jesus, fruto da promessa dos obidenses, no que se refere a arquitetura, possui elementos característicos das construções jesuítas dos séculos XVI, XVII, XVIII; este fato é substanciado com o alpendre ou copiar, situado anteriormente à porta de entrada, que dá acesso ao interior da capela, propriamente dita (NAVE). O uso do alpendre nas fachadas é um exemplo da influência Ibérica. Presume-se que, como na Europa, também tivesse a finalidade de impedir que determinadas classes, como por exemplo, pretos escravos, índios e tapuios, tivessem acesso às naves da capela.

Posterior a tudo isso, foi construída – próximo ao local da antiga Capela do Desagravo – a Segunda Capela do Desagravo. Desta vez, uma capela minúscula, com vitrais, onde cabiam apenas duas pessoas.

Dessa minúscula Capela, o padre celebrava missas campais, todos os anos a pedido das famílias ricas da cidade, que perderam seus entes queridos, mortos pelos cabanos, em lugar próximo a ela, conhecido popularmente como “Bota D’água”.

Fotos recentes João Canto - Foto Antiga (MIOB)

Fonte de Pesquisa: Museu Integrado de Óbidos (MIOB)  - Republicada

www.obidos.net.br

 

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