DIALOGANDO COM MARIA

DIALOGANDO COM MARIA

Ao escrever estes comentários sobre a Oração dedicada a Maria, sou movido pela proximidade da maior festa religiosa do povo católico paraense que é o Círio de Nª Sª de Nazaré, e também para compartilhar com os leitores meu ponto de vista, ciente, porém, que todo ponto de vista é apenas a vista de um ponto.

Tenho absoluta convicção, que ao estabelecermos contato com a Virgem Mãe Santíssima através da Oração a ela dedicada, estamos em um diálogo e não apenas recitando um monólogo com palavras escritas e decoradas, na medida em que também agregamos às nossas palavras a nossa própria fé, e quem assim duvide sugiro que venham assistir a procissão do Círio em Belém do Pará, ou mesmo assistam pela televisão e observem a quantidade de pessoas que externam seus agradecimentos por graças alcançadas, sendo exatamente assim que Maria nos responde quando lhe suplicamos a intercessão.

AVE MARIA

Já na entrada da oração, temos o uso da palavra “AVE” que sabemos é uma saudação de origem latina que era utilizada com o significado de “salve”; “tenha saúde”; “tenha bom futuro”; “bendito”, e foi encontrada por São Jerônimo para traduzir do grego a palavra “Khaire” e do hebraico a saudação “gayal”, todas querendo dizer “alegra-te”; “Faz festa”; “rejubila” porque o Senhor se mostrou grande contigo.

Assim, Mãe Santíssima, longe de pretender demonstrar qualquer erudição, humildemente te saúdo com a expressão “AVE” com a mesma emoção que também saúdo minha própria mãe terrena com as expressões “oi mãe”; “Bom dia mãe”; “como vai mãe” ou simplesmente, “sua bênção mãe”.

CHEIA DE GRAÇA

Continuando, agora que já te saudei após a minha chegada, digo neste diálogo que reconheço em ti uma mulher cheia da Graça de Deus, graça esta já manifestada pelo Anjo da Anunciação quando te saudou dizendo “Ave, cheia de Graça”, e assim fostes a única mulher que recebestes a Graça de Deus, porque fostes e és a única a ser concebida sem o pecado original.

De outra forma Mãe Santíssima não poderia ser, posto que no teu ventre seria gerado um ser divino, e em sendo divino não poderia nascer de uma mulher maculada com o pecado original ou com qualquer outro pecado, daí porque tu és cheia de graça e consta na história, que quando tu te fizestes visível para Santa Catarina Labouré na França de 1830, esta pediu que fosse cunhada uma medalha que ficou conhecida como “medalha milagrosa” que continha a bela frase : “Ó Maria concebida sem pecado, rogai por nós que recorremos a vós!”.

O SENHOR É CONVOSCO

Na sequência da manifestação do Arcanjo Gabriel, lembro nesta Oração o quanto sublime foi o momento da Anunciação de que tu serias a Mãe do Filho de Deus, e quão profundas são as palavras do Mensageiro de Deus quando te disse que “o Senhor é convosco”, trazendo a certeza de que mais do que “estar” contigo ao teu lado, Deus “É” convosco o que significa dizer conforme o Catecismo Católico, que desde toda a eternidade Deus te escolheu para ser a Mãe do Seu Filho amado, te escolhendo como uma filha de Israel, jovem judia da pequena vila de Nazaré na Galiléia, virgem que seria desposada por um varão chamado José, da casa de Davi.

És assim, Mãe Santíssima, Filha do Pai, Mãe do Filho e esposa do Espírito Santo estando em plena sintonia com a Santíssima Trindade, e numa única mulher Deus tem Mãe, Filha e Esposa. Tudo isso és tu Maria!!!

BENDITA SOIS VÓS ENTRE AS MULHERES

Maria, já que estamos neste diálogo direto, sincero e respeitoso, permita-me observar a bondade de Deus para contigo, quando te bendisse dentre tantas mulheres dignas, honradas e merecedoras de todo nosso respeito e consideração, porém, reconhecemos que como se tratava de ti que seria a Mãe de Deus não bastava apenas os dons morais e religiosos do mundo material, era preciso muito mais e em ti foi reconhecido por Deus não apenas uma mulher digna, honrada e virtuosa mas, também, uma mulher com atributos divinos que já trazias quando nascestes.

Maria, neste diálogo informal e respeitoso me permito perguntar, se te lembras quando tua prima Isabel trazia no colo seu filho João, depois conhecido como “O Batista”, e que nasceu cerca de seis meses antes do teu filho JESUS e ela te saudou quando ainda estavas gestante dizendo em alto e bom som: “Bendita és tu entre as mulheres” e acrescentou perguntando : “Donde me vem a honra de vir a mim a Mãe do meu Senhor? E arrematou : “Bem aventurada és tu que creste...”.

Os desígnios de Deus são maravilhosos não é mesmo Maria, tu carregavas no ventre o Salvador da humanidade, e tua prima Isabel trazia no colo aquele que iria preceder o Messias batizando pela água, enquanto o teu filho batizaria pelo poder do Espírito Santo.

BENDITO É O FRUTO DO VOSSO VENTRE, JESUS

Mãe querida, depois de ter reconhecido em ti tudo o que já dissemos nas estrofes acima do nosso diálogo, ou seja, que tu és cheia da graça de Deus; que Deus é convosco e que és bendita dentre todas as mulheres, é simplesmente impossível afirmar, como via de consequência, que o fruto do vosso ventre não seja um ser divino; é impossível não reconhecer que o fruto do teu ventre seja também um ser bendito por Deus ou em outras palavras, é impossível não crer que o fruto do vosso ventre seja Deus.

E olha Maria que apesar de tudo, ainda encontramos na história quem pregasse que tu não eras a Mãe de Deus e assim pergunto, também, se te lembras do Patriarca de Constantinopla chamado Nestório, líder da Igreja Cristã Ortodoxa de Constantinopla, hoje Istambul na Turquia, que negava em suas prédicas essa verdade absoluta e inquestionável da tua condição de Mãe de Deus?

Pois é Maria, tu sabes que por conta dessas afirmativas de um líder cristão ortodoxo o povo de Deus que habitava aquela próspera cidade se revoltou, e passou a manifestar de todas as formas seu descontentamento com o que pregava aquele líder religioso, assunto pacificado pelo Concílio de Nicéia ocorrido no ano 431, quando definitivamente assentou a tua maternidade divina.

Assim sendo, ficou sem controvérsias que o fruto do vosso ventre é o próprio Deus, que também é Filho de Deus encarnado no teu seio virginal, posto que o concebeste virgem do contato humano, e mais, o nome do fruto do teu ventre até hoje provoca estudos profundos, alguns afirmando que o nome original de Jesus era Yehoshua  cuja forma reduzida é Yeshua ou ainda, alguns afirmando que o nome original obedecia a forma grega para “Jesus”, sob o argumento de que os cristãos antigos usavam a grafia grega porque eram uma comunidade falante do grego, existente em Israel durante o período helenístico e mesmo posteriormente, e que afirmavam que os manuscritos originais do Novo Testamento foram grafados primariamente em grego, enquanto já se tem provas históricas de que Jesus, seus discípulos e o povo que vivia na terra de Israel na época, falavam aramaico ou um tipo de hebraico-aramaico, enfim, Maria, em qualquer que seja a língua ou tradição cultural, o importante é que o fruto do teu ventre é “Yeshua Hamashia” que significa Jesus Cristo, o Messias.

Bem sabes Mãe Santíssima, que não precisamos de língua para falar contigo e nem com Ele, e tanto faz chamar-se Josué, Yeshua Ben Yosseph (Jesus filho de José), IESOUA como grafado em Deuteronômio, o importante para nós, teus filhos terrenos, é que se Ele não tem antepassado familiar humano posto que é único, e não descende de nenhuma das doze tribos de Israel, logo, não possui tradição familiar judaica, afinal, Maria, o fruto do teu ventre é o ungido ou por outra palavra, é o Cristo, filho de Deus.

SANTA MARIA, MÃE DE DEUS

Agora, mãe Santíssima, nesta parte da prece que, repito, no meu modo de crer é um diálogo travado contigo em forma de Oração, elevo meus sentimentos para tratar contigo observando não somente a figura da mulher e sua condição especial de mãe de JESUS, mas, agora, subo mais um degrau para me dirigir a ti como SANTA MARIA.

Nesta parte da oração Maria, avanço para conversar com a mesma mulher agora na sua condição divina de SANTA MARIA e me dirijo a ti, reverente e respeitoso como sempre e a todo momento, venho fazendo neste diálogo, para definitivamente te dizer que te reconheço como a Mãe de Deus, premido pela crença que me move e não por regras do Concílio de Nicéia.

Assim, te reconheço também na glória de Santa Mãe de todos os teus filhos espirituais na Terra, que aglutina a condição de Mãe, Esposa e Filha e é através de ti que chegaremos ao Filho JESUS e, ciente e consciente de que o bom filho nada nega  à sua mãe, tomo aqui emprestado de São Bernardo Claraval a expressão com que ele se referiu a ti, dizendo que tu és a “Onipotência suplicante” que consegue tudo por Graça, o que Deus pode por natureza.

ROGAI POR NÓS OS PECADORES

Agora que converso contigo na tua condição divina, uso deste diálogo em forma de prece para também pedir a tua intercessão, pois, como disse São Bernardo Claraval tu és a “Onipotência suplicante”, daí porque a igreja iniciada por teu filho nos ensina “peça à Mãe que o Filho atende” e, aqui pra nós Maria, qual filho não atenderia um pedido teu?

Se nós, simples mortais, nos desdobramos para atender os pedidos das nossas frágeis mães terrenas, fica fácil de ter a certeza que JESUS jamais te negará qualquer pedido feito em benefícios dos teus filhos, quer na vida física como na vida espiritual, e teu poder intercessor já se nos foi mostrado quando das Bodas de Caná teu filho, lembra, transformou água em vinho da melhor qualidade, posto que era da tradição daquele povo não faltar vinho nas Bodas de então e se por acaso assim faltasse, acreditavam eles que aquele casamento não seria abençoado e cairia na maldição, e a tua intercessão foi pronta e imediatamente atendida.

Quando te pedimos Rogai por Nós teus filhos pecadores, estamos reconhecendo tua estreita relação com Deus Pai, Filho e Espírito Santo e tua bendita influência junto a eles, enquanto que nós teus filhos terrenos inferiores como somos e ainda cheios de pecados como egoísmo, usura, inveja, sentimento de vingança e tantos outros, ao pedir com sinceridade a tua intercessão reconhecemos nossa inferioridade e, elevados pela humildade te pedimos súplices, rogai por nós que recorremos a vós.

Peço permissão Maria, para transcrever o que assentou o Concílio Vaticano II a teu respeito:  “assunta aos céus (.....) por sua múltipla intercessão, continua a alcançar-nos os dons da salvação eterna (......) . Por isso, a bem-aventurada Virgem Maria é invocada na Igreja sob os títulos de advogada, auxiliadora, protetora e medianeira”.

Imagina Maria a felicidade dos teus filhos paraenses, quando uma vez por ano no mês de outubro em Belém, te dedicam caudalosa procissão de mais de um milhão de pessoas denominada “procissão do círio de Nazaré”, e que também contam, teus filhos, com a solidária distribuição de água mineral para os fiéis católicos, pelos cristãos de outras denominações, todos demonstrando o mais profundo respeito ao teu nome e mais ainda, temos, os teus filhos paraenses, a glória e a liberdade de te tratar na intimidade como “ NAZINHA”.

AGORA E NA HORA DA NOSSA MORTE

Esta estrofe final Maria traz para teus filhos, a certeza de que tu intercedes a toda hora e momento em benefícios de nós todos, mesmo que não tenhamos consciência disto, o que vale dizer, que neste exato momento em que escrevo e no exato momento em que este texto está sendo lido, tu estás intercedendo em meu favor quando escrevo e em favor da melhor compreensão daqueles que estão lendo, posto que somos teus filhos amados indistintamente e quando intercedes a todo momento em nosso favor junto a JESUS, Ele, teu filho amado, aufere forças com a perfeita simbiose divina entre ambos.

Tenho a convicção que o momento mais sublime da nossa vida aqui na terra é o momento da nossa morte, que apesar de causar dor, lágrimas, saudade aos que ficam nesta vida, é o momento da passagem para uma nova vida, a verdadeira vida espiritual, onde não existem dores, catarata, bico de papagaio, dor na coluna, gastrite, artrite, gengivite e quantas outras “ites” mais, não é mesmo Maria.

Também sabemos Mãe Santíssima, que o oposto de vida não é morte, mas, sim, renascimento lição que aprendemos com teu amado filho JESUS, que em conversa memorável com Nicodemos, ensinou que somente alcançaremos o Reino de Deus se nascermos de novo e não é outra a lição de  seu singular seguidor Francisco de Assis, quando também em prece, cantamos: “.....e é morrendo que se vive para a vida eterna”. Será que alguém ainda precisa de maior demonstração desta verdade, além da própria ressurreição do teu filho JESUS?

E é justamente nessa hora que podemos contar contigo, Mãe Santíssima, que passaste o tempo todo de nossas vidas protegendo-nos e intercedendo por nós junto a JESUS e agora, na hora da nossa morte, também estás presente com teu séquito de auxiliares conhecidos como “A Legião de Maria”, protegendo-nos e nos recepcionando no mundo espiritual, pois, conforme lição de São Bernardo “não é possível que se perca um bom filho de Maria e por isso, pedimos insistentemente que ela rogue por nós, sobretudo na hora decisiva da nossa morte”.

“Quando rezamos o Santo Rosário a ela oferecemos rosas espirituais, que ela leva a Deus por nós e não as retém para si, pois, o rosário é a meditação de toda a vida de Jesus Cristo, nosso Senhor”.  

E assim termino este diálogo me despedindo com um até breve, quando voltarei mais vezes a conversar contigo todas as vezes que, contrito, proferir a prece intitulada AVE MARIA, Amém.

Sempre contigo, Mãe !!!!

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