MUDANÇA DE HÁBITO

MUDANÇA DE HÁBITO

Otávio Figueira.

Decorria o final da década de 60, nossa querida Óbidos, por meio de sua pujante economia bombava, aquecendo assim o comércio em geral. Era prazeroso visitar o "Comércio da Beira", como era bem conhecido dos obidenses. Em todas as lojas e dias da semana, indistintamente, o movimento de consumidores adquirindo produtos e serviços deixava a todos com boas expectativas de um futuro promissor para nossa cidade e seu povo.

É inconteste afirmar, que além dos produtores, pescadores e criadores(assim eram conhecidos)de gado, que aportavam seus barcos e canoas na frente da cidade, ainda, assim, vinham os de cidades circunvizinhas atrás de financiamentos/empréstimos do Banco do Brasil. Essa dinâmica, por si só, aquecia também a economia.
Comento de cadeira, pois nessa época trabalhei como balconista na "Casa Líder" do saudoso J.A. de Aquino. Não tinha, porém, descanso para atender o grande fluxo de clientes.

Recordo-me bem da loja do seu Vivi de Carvalho, por exemplo, sem falar do Hamoy, Belicha e Chocron, lotada de compradores em que o saudoso cabo(era assim conhecido) Olívio Matos atendendo feliz e brincando com todos, ainda mais quando chegava os regatões e pracistas para emitirem pedidos de compra de mercadorias, atrapalhando sobremaneira o rápido atendimento. Caso fosse uma segunda-feira, após eventual vitória do Mariano, seu Vivi não esquentava. Era só sorrisos.

Entretanto, hoje, o comércio da "Beira" está praticamente sem movimento em que poucas lojas sobrevivem essa mudança radical da economia obidense. Há lojas que não atendem mais pela parte da tarde, pois além de não ter demanda evitam majorar custos com energia elétrica, por exemplo.

Por outro lado, esse movimento comercial, em menor escala da época, é claro, mudou-se para a antiga Estrada do Aeroporto. Lá o movimento, hoje, é infinitamente superior.
Conversando, contudo, com alguns conterrâneos, me falaram que há vários motivos para essa transformação comercial.

Entre elas, a situação física do Mercado Municipal e do Mercado do Peixe, que se existisse realmente a Anvisa, já deveriam estar fechados a bem da saúde pública.Outro fator acentuado é a falta de revitalização da "Beira" que carece de opções até de lazer. Por último, à nossa colônia (Centro) como é conhecida, diversificou suas atividades comerciais e negociais acompanhando, assim, a vocação agrícola do município, apesar da situação intrafegável das nossas estradas.

Portanto, talvez tais demandas expliquem, em parte, essa mudança de hábito.

FOTO, acervo Museu de Óbidos.

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