ÓBIDOS 323 ANOS: ÓBIDOS, Passado e Presente!    

ÓBIDOS 323 ANOS: ÓBIDOS, Passado e Presente!    

“ÓBIDOS PASSADO PRESENTE" artigo de Dino Priante em homenagem aos 323 anos de Óbidos, que acontece neste dia 2 de outubro de 2020.

Dino Priante

Na década de cinquenta nossa família adquiriu  um imóvel na rua Bacuri esquina da Trav. Rui Barbosa, em frente ao colégio São José. Nessa casa nasci , através das mãos da competente Sra. Pelelé,  parteira  que era bastante conhecida na cidade pelo seu eficiente desempenho nessa função, pessoa frágil,  fumante inveterada, e as vezes   passava no comércio de meu pai para "matar o bicho" (beber pinga)". Me sinto feliz pôr ter nascido e passado minha infância em uma cidade interiorana.  Converso com meu filho e sempre  o digo: como é gostoso  a infância vivida nas cidades do interior . Naquela época não existiam os carrinhos com controles remoto, vídeo games, computadores etc. Os brinquedos mais sofisticados eram  de corda, os carrinhos eram de madeira, depois vieram os de plásticos. Meu "play center" ficava em frente a casa do. Sr Luiz Martins, onde jogávamos, pião, petecas, futebol, e outras  infinidades de brincadeiras. Estar de férias para nós, era simplesmente não haver aulas. Hoje nossos filhos entram de férias, pensam em viajar, alguns para a Disney, outros para as praias do nordeste e demais pontos turísticos.

No período letivo, haviam alguns eventos interessantes .Um evento que eu aguardava com ansiedade era o sete de setembro, a disputa entre a escola   São Francisco e o colégio  São José, além do desfile com muito garbo, ensaiados pelo Cabo Moura, Ten. Nonato, Sgto. José Maria, haviam os desfiles de carros alegóricos, apresentando as lutas pela independência do Brasil, e  outros eventos  nacionalístico, tudo organizado com muita dedicação pelos professores.

Óbidos, Centro Comercial atualmente.

Nossos pais não tinham as preocupações que hoje nos afligem. Não haviam drogas, gangues, o que existia muito eram os "pés de cana" ( alcoólatras), que infelizmente se acabavam  de tanto beberem  cachaça.

Nos meses de julho e agosto, alimentação era muito escassa. Para se comer carne, era necessário enfrentar uma fila desconfortável, geralmente pela parte vespertina, para comprar o  "cartão", que  já  vinha estipulado quantos quilos de carne se poderia levar . E  no outro dia, íamos bem cedo buscar a carne no mercado, e sem o direito de escolher o pedaço de nossa preferência. Se o relacionamento com o talhador fosse bom, você poderia trazer carne sem osso, se não, era carne de pescoço mesmo.

O peixe nesse período, era difícil ,as vezes pulávamos na água, para pegar uma cambada ainda na canoa ,  nos arriscando a comprarmos peixe estragado, porque as canoas não eram motorizadas, não havia gelo e nem isopores para conserva-los. Frango de granja não existia. Em nossa casa ,quando a coisa apertava, papai descartava uma galinha que não botava  mais ovos, tinha que ser guisada  com um pouco de bicarbonato, para amolecer, lembro: não haviam panelas de pressão. E para completar, tinha época que faltava trigo, e aí não tínhamos o pão, faltava café, faltava  farinha...

Não havia televisão, as copas do mundo de 62 e 66 eu ouvi pelo rádio. Além dos correios, dois serviços de alto-falantes :O Verdes Mares e o Nova Aurora, eram os meios de comunicação, onde  eram feitos os anúncios comerciais e outros de interesse da população. Cinema tinha o Trianon que era  de uma sociedade do Sr. .Pedro Nolasco/ Cabo Roman , depois passou  a chamar-se  Naomi, já de propriedade do sr.Kikuchi,

Na minha infância outro evento que eu aguardava com ansiedade era a festa de Sant' Ana, no mês de julho, papai nos dava um pouco mais de grana, para tomarmos refrigerantes, fazermos pescarias nas barracas e comprar guloseimas.

 
Óbidos, centro comercial, década de 40.

Este ano fui passar o Círio,  faziam vinte e cinco anos que não passava esse evento em Óbidos. Fiquei um pouco decepcionado, porque a população cresceu tanto e o Círio não evoluiu na mesma proporção. Acho  o nosso Círio muito interessante, primeiro por ser fluvial e no maior rio do mundo,  e segundo porque  é realizado no período noturno , que apresenta toda aquela beleza luminosa sobre as águas do Amazonas. O hino de nossa senhora Sant' Ana me emociona bastante. Acho que uma maior divulgação, levaria mais romeiros a nossa cidade.

Nesses dez dias que passei em Óbidos, observei a fartura que existe hoje, tanto de carne bovina , quanto o peixe, e a qualquer hora do dia. Na feira que é realizada  todas as sextas feira, próximo  ao Quartel, se encontra frutas, verduras, o necessário para atender a população, coisa que não existia naquela época.

Assisti a RAI(Radio e Televisione Italiana) direto da Itália, a telecomunicação  está perfeita em Óbidos. Se fala  para qualquer parte do mundo, com bastante facilidade.

Na parte de transporte, principalmente o fluvial, houve uma grande evolução, com opções diversas. Se viaja para cidades vizinhas,  Manaus, e para nossa capital do estado a qualquer dia da semana.

Mas infelizmente, no transporte aéreo não  podemos dizer a mesma coisa.  Eu quando avionei do aeroporto de Óbidos pela penúltima vez, o fiz em um Y-S11, avião turbo hélice de 60 lugares. Nesta última vez  utilizei um avião Brasília com capacidade para 29 lugares, mas, está bem melhor assim , porque tivemos um período (uns quatro anos atrás) que não tínhamos opção a não ser  irmos  até Santarém para   apanhar um transporte aéreo.

Nossa Cidade Presépio, não se desenvolveu tanto quanto as cidades vizinhas, nossa infra estrutura  deixa muito a desejar. Nossas ruas, muitas sem pavimentação, as estrada para o aeroporto, Óbidos / Oriximiná já deveriam estar asfaltadas, o cais do porto está uma vergonha, assistência médica continua precária, serviço de saneamento não existe, abastecimento de água,  continua o mesmo de trinta e cinco anos atrás; o precioso líquido se tem nas torneiras um dia sim outro não, e no sim, até às nove e trinta da manhã,  é uma incoerência, já que estamos a margem da maior reserva de água doce do mundo.

Portanto, já que estamos com nova administração em nossa cidade, esperamos  recuperar o tempo perdido e que Óbidos se desenvolva, para o bem estar dos obidenses.

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