Serviços de Alto Falantes em Óbidos

Serviços de Alto Falantes em Óbidos

Dino Priante

“Serviços de autofalantes Verdes Mares, a voz que fala e canta para a cidade Presépio”, na voz do Ademir Costa (Curica), esse era o “prefixo”, desse locutor que era conhecidíssimo de todos os obidenses.

Mas vou relembrar um dos primeiros serviços de autofalantes de minha época de infância, que era a “Voz do PSD”, que tinha gerador de energia próprio, de propriedade do Senhor Prado.

Ele foi agente do Lloyd Brasileiro, residia na Bacuri, quase em frente à casa da família do Senhor Silvestre Reis, onde reside hoje, a família de meu primo Benito Savino. Os locutores desse serviço eram o Adenil Vieira e a Malvina Miléo. Os horários eram das 11 horas até as 12 horas, retornavam às 17h e iam até as 18 horas, quando era feita a Prece da Ave Maria.

Além das notas fúnebres, avisos, havia as mensagens de aniversário tipo “os passarinhos amanheceram cantando para comemorar o aniversário da amiga”... , eu, ainda garoto, dava um pulo até o estúdio, e ficava observando por uma janelinha, os locutores fazendo seu trabalho, tudo muito amador.

Sobre essa aparelhagem do Sr. Prado, baratista fiel, tem uma passagem que o Hugo Ferrari me relatou, não lembro, eu era muito criança... O prefeito na ocasião era o Dr. Chaves, e chegava a Óbidos na ocasião o governador Zacharias de Assumpção, adversário político do Barata.

Quando o mesmo se dirigia à Prefeitura Municipal de Óbidos, entra no ar o serviço de alto falantes “A Voz do PSD”! Aquilo foi tomado como um desaforo, pela presença do Governador Assumpção, com isso o Sr. Magalhães, que era administrador da Cia. Paulista de Aniagem, e partidário da coligação, entrou no estúdio, e descarregou seu 38 na aparelhagem.

Lembro também da aparelhagem do Tenente Duque, que ficava na Rui Barbosa, passando a casa do Mousinho, denominado de “Nova Aurora”, funcionava sempre a noite das 19 horas às 21 horas, seu proprietário era um abnegado por esse serviço, mas o fazia por “hobby”.

Havia outras aparelhagens, como a da dona Maria Ramos, na Rua da Prainha, mas não tinha muita constância, entrava no ar sempre pela época junina e quando havia festas em sua sede.

O Bar Andrade também tinha um serviço, sempre noturno. Colocavam boas músicas porque, seu proprietário, Sr.Zezinho, vinha muito a Belém, e gostava de levar os últimos lançamentos musicais. Alguns jovens ficavam alí pelas calçadas, para ouvir as estórias do Burraldo, comediante da época, assim como as belíssimas músicas de Bob Fleming como Bat Masterson, músicas italianas como “Io che amo solo a te”.

Mas o serviço de alto falantes, mais atuante de Óbidos e por muitos anos, foi o “Verdes Mares”, de propriedade do Senhor Cabo Moura, onde o primeiro locutor foi o Nelson Souza, e o discotecário, Leonardo Canto. Ficava localizado no início da Rua Cai-cai, próximo à Praça de Sant’Ana. Às 11 horas entrava no ar até as 12 horas, voltando às 17 e, encerrando-se às 18 horas.

Mantinham-se de comerciais das lojas Pernambucanas, Viúva Marcos Belicha, I.Hamoy e Cia., Guaraná Fran, Mercadinho Kaká, avisos sobre saídas de embarcações para Santarém e Oriximiná, e demais anúncios. Mas quando começava, a tocar Ave-maria de Franz Schubert, era nota fúnebre, as pessoas paravam nas ruas para ouvir o anúncio do falecimento de algum amigo, até hoje quando ouço essa música, me transporto ao anúncio.

Às 18 horas, era à hora do “Ângelus”, onde o Hugo Ferrari, Domício Gaetani (Fó), escreviam alguns textos para serem lidos nesse horário, com fundo musical da Ave Maria de Sebastian Bach.

A torre do serviço de autofalantes “Verdes Mares” deveria ter uns 50 metros, dava para se ouvir em quase toda a cidade! O lugar mais distante era o Igarapé do Juncal mas quando o vento estava bom, ouvia-se até no Arapucu.

Tenho certeza que essas aparelhagens foram de grande utilidade para nossa cidade na época, não havia estação de rádios locais como hoje, as emissoras que se sintonizava muito bem em Óbidos eram, pela manhã, a Rádio Globo, início da tarde, todos os rádios estavam sintonizados na estação Rio Mar de Manaus - audiência vespertina em quase cem por cento; à noite, meus tios ouviam muito a PRC-5, onde aguardavam mensagens sobre os aviões da Panair, se estavam confirmado para amerrisarem no dia seguinte em Óbidos; a Voz da América sempre sintonizada à noite, na voz de Pedro Catá.

Portanto, os serviços altofalantes era o meio de comunicação interno melhor que tínhamos em Óbidos e de muita utilidade para a população.

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