OS CINEMAS DE MEU TEMPO

OS CINEMAS DE MEU TEMPO

O artigo seguinte, OS CINEMAS DE MEU TEMPO, de Dino Priante, fala sobre as salas de cinema que já existiram em Óbidos.

OS CINEMAS DE MEU TEMPO

Dino Priante

Cinema, denominado pelo cinéfilo italiano Riccioto Canudo como a “Sétima Arte”.      

O início do Cinema, aconteceu em 1895, quando os irmãos Louise e Auguste Lumière , projetaram um filme pela primeira vez em um café em Paris, foi apresentado  a “Saída dos Trabalhadores de sua fábrica Lumiere”.

No Brasil, começou em 1896 na Cidade do Rio de Janeiro, lançados uma série de filmes, resultado do cotidiano de cidades europeias.

A princípio, o cinema era mudo, mas na década de 1930 surgiu o cinema falado.

Após  esses esclarecimentos, sobre a origem do cinema no mundo, vou descrever como  tive os primeiros contatos com essa arte, em minha pequena Óbidos.

Lembro, das primeiras imagens que assisti, foram projetadas, na parede externa da Catedral de Sant’Ana na minha cidade , isso foi na década de sessenta, eram “slides”, de paisagens alemães, do Vaticano, reunião com o Papa da época, projetados pelos padres alemãs, Dom Floriano e Frei Rodolfo

O assassinato de John Fitzgerald  Kennedy, pelo assassino Lee Harvey Oswald em Dallas, ocorrido em 22 de novembro de 1963, o assassino o matou com uma Carabina Paraviccini- Carcano  , calibre 6,5 x 52 mm. Esse vídeo foi repetido diversas vezes.

Mas o primeiro filme que assisti, foi também na Praça de Sant’Ana, “Vida, Paixão e morte de Nossos Senhor Jesus Cristo”. Praça lotada, filme projetado pela época da semana Santa, sempre pelos padres franciscanos, era os mais abalizados pera mexer nos equipamentos.

Dois senhores bastante conhecidos em Óbidos, Cabo Roman e senhor Pedro Nolasco,  resolveram colocar um cinema, cujo nome era Cine Trianon, estava localizado na Rua Marcos Rodrigues de Souza com a Eloy Simões. Era um cinema muito rústico, com aquelas cadeiras em madeira de abrir e fechar, com um “ripão” pregado nas pernas das mesmas, para não serem mudadas de lugar. Tinha dois ventiladores de pé, marca “Cirrus”, que davam uma suavidade ao ambiente. O cinegrafista, era um rapaz de nome Mauro, treinado em Santarém.

As fitas arrebentavam três a quatro vezes por sessão, nesse momento a gritaria era geral, aí o cinegrafista emendava a fita, ainda tinha o intervalo para rebobinar, assistíamos à prestação os filmes, mas não tínhamos outra opção.

Os seriados que nos prendiam, às vezes, não era nem o filme em si, mas os seriados como: Falcão Negro, Durango Kid, Robin Hood entre outros.

Campeões de bilheteria eram os filmes do Tarzan, e os de “porrada”, filmes do “faroeste americano”, onde   os  índios pele vermelhas  e os apaches, se digladiavam com os “artistas”, na saída a molecada comentava com bastante entusiasmo, era muito legal.

Durante a semana, só havia uma sessão das 20h, nos finais de semana, das 18h às 20h e 20h30.

O prefixo musical do Cine Trianon, era a música de Lupercínio Rodrigues, “Se a  caso você chegasse” , quando essa música tocava, o filme  iria começar.

O senhor Pedro Nolasco, sócio no empreendimento, subia a rua de casa a pé, e ele ficava na bilheteria, o papai já pagava antecipado o nosso ingresso, nessa passagem.

Tem um caso de um amigo meu, que era nosso vizinho, a mãe pagou o ingresso de seu filho antecipado, para assistir ao filme das 18 horas. Lá pelas 18h15, o menino chega de volta, e a mãe perguntou: o que ouve? o garoto respondeu: era filme de “amur”, ele queria filme de porrada.

O Cine Trianon fechou. Mas chegou um japonês em Óbidos, senhor Antonio T Kikuchi, no mesmo lugar, abriu o cine “Naomi”, já era com umas cadeiras melhores, mas de madeira, acredito que os ventiladores eram os mesmos. O prefixo musical era outro, a música dos Beatles, “And I love her”, sempre que ouço essa música, lembro do Cine Naomi. Tudo se repetia, sucesso de bilheteria, fitas   que rebentavam,  intervalo para rebobinar a fita.

Para o lado do Umarizal, o senhor Augusto Vieira, também abriu o Cine Alvorada, apelidado de Cine Poeira, esse não frequentei, pois era longe de casa.

Quando residia já em Belém, o Miguel Canto fundou o Cine Acácia, já era bem melhor, foi já na década de setenta para oitenta. Perdurou alguns anos. Hoje não temos nenhuma sala de cinema em Óbidos

As fitas, chegavam à Óbidos por via aérea, a princípio nos Catalinas da Panair do Brasil e depois nos DC-3, da Cruzeiro do Sul, eram umas embalagens de lata, redonda, acompanhava  os cartazes  dos filmes, que eram pregados em cavaletes, e deixados em áreas movimentadas da cidade  anunciando os filmes do dia, assim como as divulgações dos filmes  eram feitas através dos serviços de alto falantes.

Tinha um tio, Titilo Savino, que assistia todas as estreias de filme nos cinemas em Óbidos, era um “cinemaniaco”, quando vinha à Belém, era todas as noites.

 

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