ROSAS DO DESERTO

ROSAS DO DESERTO

Haroldo Figueira

Elas hoje estão na maioria dos lares, dos mais humildes aos mais abastados. Plantadas geralmente em vasos grandes, deixando à mostra na superfície suas raízes nodosas e mais grossas que os caules, ornam quintais e jardins. Para usar uma expressão da moda, emprestada da linguagem das redes sociais, pode-se dizer que o gosto por essas plantas “viralizou”.

Apresentam-se em profusão de cores que vão desde os tons mais fortes e chamativos até os menos intensos e mais suaves. Assim, é possível visualizá-las em tonalidades como o vermelho tradicional, o vermelho-púrpura, o roxo, passando pelo rosa, amarelo e branco, além daquelas em que as pétalas assumem colorações matizadas.

Também na forma, exibem variedades. Em algumas, o desenho das pétalas faz lembrar uma margarida bem-me-quer. Em outras, as corolas assumem um arranjo natural mais rebuscado, deixando-as mais parecidas com as das rosas tradicionais. Existem mais variantes com formatos diferenciados, todas igualmente belas.

Ornamentam, encantam, causam boa impressão ao olhar.   Em um bom número de pessoas, despertam o desejo de as adquirir apenas como peças decorativas, em outro grupo, essa vontade de tê-las por perto vai além da simples apreciação estética, aguça nas pessoas a motivação no sentido de cultivá-las por conta própria, fazendo da atividade uma espécie de lazer.

Meu filho Heitor está nesse segundo grupamento. Tornou-se um floricultor nas horas vagas. Produz mudas, aduba-as com substratos apropriados, auxilia no processo de polinização, enfim, dispensa-lhes cuidados completos que vão das raízes à folhagem. Ademais, aplica-se no estudo dessa espécie de vegetal de origem africana.

Eu, minha esposa, meus outros filhos, aliás a família toda, beneficiamo-nos desse hábito salutar do Heitor. Muitas das rosas do deserto que enfeitam nossas casas provêm do cultivo realizado por ele. Além do mais, faz questão de acompanhar pessoalmente o desenvolvimento das plantas tomando a iniciativa de agir, como se fora um jardineiro profissional, quando percebe que precisam de podas, adubação, de mais ou menos aguamento – coerentemente com nome que as identifica, exigem abundância de sol e pouca água - e outros tratos culturais essenciais para mantê-las sempre bonitas, sadias e produtivas.

Não se encontra unanimidade no julgamento humano, mesmo diante das coisas presentes na natureza que parecem exercer sobre nós generalizado fascínio. Eu, por exemplo, apesar da admiração que nutro pelas rosas do deserto, sentia que careciam de perfume, impressão desfeita pouco depois, a partir de informações de entendidos no assunto dando conta de que algumas espécies são dotadas, sim, de aroma. Nada obstante, causa-me frustração a circunstância de que os beija-flores delas não se aproximam, talvez porque os néctares que produzem não se mostrem atrativos aos paladares dessas simpáticas avezinhas.

Natal, 21 de dezembro de 2022.

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