Pirarucu da várzea de Santarém estão livres da contaminação de mercúrio, diz pesquisa da Ufopa

Pirarucu da várzea de Santarém estão livres da contaminação de mercúrio, diz pesquisa da Ufopa

A comunidade de Pixuna do Tapará, em Santarém, participou nesta sexta-feira, 24, da apresentação do resultado de um estudo sobre o nível de contaminação do mercúrio nos pirarucus da região da várzea santarena. Estavam presentes também, representantes da  Prefeitura de Santarém e da Secretaria Municipal de Turismo – Semtur, organizadores do evento.

O estudo foi realizado pela Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), por meio do Instituto Ciências da Educação- ICED, em parceria com a Colônia de Pescadores, Z-20 e a Conservação Internacional (CI- Brasil). Foram analisadas amostras de água e sedimentos de lagos e igarapés do Projeto de Assentamento Extrativista (PAE), Tapará,  local escolhido em razão do potencial para o desenvolvimento de atividades de manejo do pirarucu, que gera renda e segurança alimentar para a população ribeirinha. 

A pesquisa concluiu que, pela legislação brasileira, o peixe pode ser consumido sem preocupação e que o índice apresentado está muito abaixo do mínimo permitido pelos órgãos controladores. 

Rionaldo dos Santos Pereira, presidente do Conselho de Pesca do Tapará, agradeceu a Deus por estar participando desse momento histórico para toda a região do Tapará sendo um desafio muito grande manter o manejo e a pesca sustentável e a ideia desse estudo já vem de muitos anos, de poder examinar os peixes. “É um ponto de partida para o nosso trabalho e para nossa região agregar coisas boas e mostrar o nosso principal manejo. Estamos começando, agora, no Conselho de Pesca e buscamos parcerias do Poder Público e dos órgão aqui presentes, pessoas essas que vêm somar com o desenvolvimento da nossa região, região muito rica que tem condições de receber turistas em nossa comunidade e para sermos visto não só em Santarém, mas em todo o Brasil. Estamos de mãos dadas em prol de um desenvolvimento maior da nossa região”, disse o presidente da comunidade.

Amarildo Mota, diretor de Relações Públicas da Colônia de Pescadores Z-20, falou que a pesquisa começou a ser pensada no momento da exposição da população a doença da Urina Preta, onde aconteceram denúncias de que os peixes oriundos da várzea estariam impróprios para o consumo alimentar. Diante disso a Z-20 se preocupou com a situação e começou a procurar parceiros para a realização de uma pesquisa nos peixes da região de várzea, através da Conservação Internacional- CI Brasil e da Ufopa.

“As comunidades abraçaram a causa, Santa Maria do Tapará, Pixuna do Tapará e Tapará Miri e para nossa surpresa e alegria que o pirarucu da nossa região não está contaminado”, festejou.

FOTOS...

Jalber_Amorim, gerente da rede de restaurantes Casa do Saulo, contou que a Casa do Saulo é uma empresa que consome grande parte de seu pescado da região de várzea, e que para a sua empresa é de suma importância estar acompanhando o desenvolvimento turístico da região e de estar sempre apoiando a iniciativa de expansão do ramo turístico. Ele falou ainda da felicidade de estar acompanhando a apresentação dessa pesquisa. “Agradecemos todo empenho dos pesquisadores da Ufopa e da CI Brasil na entrega dessa pesquisa, nos dando mais um ponto positivo na representação dessa comunidade para todos os estados do Brasil que o restaurante atende e leva os peixes daqui. Essa informação é importantíssima e vamos repassar aos nossos clientes dando garantia a todos e mostrando que a nossa região é cada vez mais sustentável”, disse o Amorim.

O Professor Doutor no Programa de Ciências Naturais da Ufopa, Luiz Reginaldo Ribeiro, diz que essa pesquisa trata de uma avaliação de uma possível contaminação  por mercúrio em pirarucus de manejo na várzea de Santarém. Essa pesquisa é muito importante pois sabe- se do risco de contaminação de peixes no Rio Tapajós e esse risco está associado a emissão de mercúrio no alto tapajós já existindo o reconhecimento científico sobre tal assunto, entretanto com a preocupação com o avanço dos garimpos na Amazônia, existe a perspectiva de que algumas regiões não atingidas por exposição mercurial venham a ser atingidas. “A região de várzea de Santarém fica na confluência do Rio Tapajós com o Rio Amazonas e de certa forma pode ser uma área de influência mas que a pesquisa na região pode auxiliar a monitorar esse risco e favorecer as comunidades que trabalham com o manejo dos peixes” explanou.

O Diretor Sênior de Programas da CI-Brasil, Miguel Moraes relata que a CI- Brasil trabalha para proteger a natureza e chegaram à conclusão que a melhor forma de se fazer isso é por meio do apoio a comunidade, onde as atividades são diretas com a natureza resultando em parceria e o trabalho com a ciência. A pesquisa veio para contribuir com a comunidade e outras instituições que desejem o mesmo que elas, ajudando a promover o desenvolvimento das mesmas sem perder a tradição e os costumes que vêm sendo herdados de geração para geração. Acreditamos que a ciência é uma ferramenta importante principalmente no processo de tomada de decisões, ou seja, não basta se fazer só a ciência, é importante vir até a escola mostra os resultados pesquisados e mostrar em como pode se usar essas informações para o futuro do lugar. “Essa data é importante pois estamos aqui fazendo essa devolutiva por que é a forma de se aplicar essa ciência na construção de um futuro diferente gerando emprego e renda e para vocês continuarem aqui fazendo esse trabalho que julgamos tão importante e tão especial que é conservar a comunidade, suas matas, seus lagos”, contou.

Finalizando, o Secretário Municipal de Turismo, Alaércio Cardoso cantou que a região do Tapará é formada por 12 comunidades e que está muito feliz em participar da explanação da pesquisa que mostra números satisfatórios e prova que o pirarucu pode ser consumido e comercializado sem medo. A análise saiu mostrando que o pirarucu apresenta um número baixíssimo de mercúrio, pois com os números nós podemos trazer os turistas para conhecer a região. “Eu fico muito feliz com esse resultado, resultado esse que fomenta o turismo de base comunitária e nós da Secretaria de Turismo poderemos fazer nosso trabalho sem receio de apresentar a várzea aos turistas” finalizou.

Resultado:

De abril a novembro de 2022, foram coletadas e analisadas amostras de 62 pirarucus, 25 de água, 25 de sedimentos e 98 de peixes de outras espécies residentes dos lagos que fazem parte da dieta do pirarucu e da população. A concentração de mercúrio encontrada no pirarucu foi bem baixa (0,19 mg/kg) e está dentro dos limites de segurança para consumo humano estabelecidos pelo CONAMA, que é de 1mg/kg. As demais amostras coletadas também estão bem abaixo do estabelecido na legislação brasileira.

Fonte: Comunicação/PMS

Comentários  

0 #1 Hugo Ferrai Jr 26-03-2023 12:09
Noticia boa que não tem contaminação do pirarucu que podem comer sossegado muito bom!
Citar

Adicionar comentário


Código de segurança
Atualizar