Três anos sem nenhuma notícia de um parente. Assim viveu a família de Antônio Egewarth, de 68 anos, paciente em tratamento oncológico no Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, no oeste do Pará. Natural de São José do Oeste, no Estado de Santa Catarina, o ex-caminhoneiro que desbrava os destinos mais distantes, cumprindo o desafio logístico de transportar cargas, tinha a vontade reencontrar o caminho de casa, ou melhor, o paradeiro do irmão e do sobrinho, com quem havia perdido o contato.
Foram 15 dias de buscas nas redes sociais verificando se os nomes dos parentes citados pelo paciente apareciam em algum perfil. Assistentes sociais em outros municípios também chegaram a ser consultados, até que uma pista vinda do município de Trairão apontou que os familiares estavam no Estado do Mato Grosso, mais precisamente na cidade de Matupá, de aproximadamente 20 mil habitantes, quase na divisa com o Pará.
“O paciente mostrou fotos dos familiares para a equipe e para alguns acompanhantes que foram atrás de informações no Facebook. Até que fomos surpreendidos por dois familiares que vieram até o HRBA procurando por ele. Enfim, o paciente reencontrou sua família, vai ter alta da internação em nossa unidade e poderá seguir seu tratamento mais perto de sua casa. Mais uma história de natal que tem final feliz e nos deixa orgulhosos e emocionados”.
Distante mais de 1 mil quilômetros em um trajeto que leva em torno de 15 horas de carro, a família foi em busca de Antônio. Beno Egewarth, de 74 anos, e Valter Martins, de 47 anos, tio e sobrinho do paciente, respectivamente, chegaram até o HRBA. A saudade e a procura terminaram em um longo e afetivo abraço. “Eu nem consigo falar, estou muito emocionado. Estou muito feliz de poder voltar ao convívio da minha família”, disse Antônio Egewarth.
Beno relembrou a difícil busca pelo irmão. Após o último contato, feito em meados de 2021, ele sabia que irmão estava vivendo no Pará, mas não tinha a localização exata devido as muitas viagens feitas pelo caminhoneiro em lugares remotos, onde era impossível ter acesso à telefone ou internet.
“Nada é fácil, sempre alguma coisa atrapalhava e nunca era possível achá-lo ou ter notícias do meu irmão. Demorou, mas sempre chega a hora da família se reencontrar. Ele trabalhou mais de 20 anos como caminhoneiro, montou a vida dele voltada ao transporte, sempre em lugares de difícil acesso e contato, mas agora a gente encontrou ele e vamos fazer de tudo para não se separar mais”, destaca o irmão do paciente.
Valter Martins também tentou por diversas vezes saber o paradeiro do tio. Segundo o comerciante, a angustia pela ausência de notícias dará lugar à esperança. “É uma emoção muito forte reunir a família no natal, após ter a surpresa maravilhosa de reencontrar meu tio neste hospital , onde ele foi muito bem acolhido. Vamos levar ele de volta para casa para que ele tenha continuidade no tratamento dele no Mato Grosso, perto da gente, com todo o apoio que ele precisa”, conclui o sobrinho.
Por: Weldon Luciano