O Fórum Paraense de Combate aos Impactos da Contaminação de Mercúrio na Bacia do Tapajós realizou, no último dia 2, uma reunião em Santarém (PA) com foco em três frentes estratégicas: (1) ampliar a testagem de populações expostas ao mercúrio, (2) adotar novas tecnologias para monitorar a cadeia produtiva do ouro e (3) organizar um seminário para apresentação de pesquisas recentes. O encontro ocorreu na sede do Ministério Público Federal (MPF) e contou com a presença de especialistas da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) e da organização WWF-Brasil.
Um dos destaques foi a participação do pesquisador Paulo Cesar Basta, médico e doutor em Saúde Pública da Escola Nacional de Saúde Pública Sérgio Arouca (ENSP/Fiocruz). A presença do especialista foi fruto de deliberação anterior do fórum, que havia solicitado a colaboração da Fiocruz na elaboração de um plano de trabalho. A proposta é mapear a infraestrutura necessária para ampliar os exames de detecção de contaminação por mercúrio em moradores do Baixo, Médio e Alto Tapajós, incluindo tanto comunidades tradicionais quanto áreas urbanas.
Basta apresentou caminhos formais para que o fórum solicite a expansão das pesquisas e ressaltou sua experiência na formulação de políticas públicas voltadas a populações indígenas. Ele também foi coordenador-adjunto do “Manual Técnico para o Atendimento de Indígenas Expostos ao Mercúrio no Brasil”, publicado neste ano.
Outro ponto de relevância foi a apresentação do Portal da Transparência do Ouro (PTO), conduzida por Ariene Bomfim Cerqueira, analista de políticas públicas da WWF-Brasil. A ferramenta, inédita no país, integra dados oficiais de diferentes órgãos e os cruza com imagens de satélite, permitindo identificar a conformidade da mineração de ouro. O objetivo é oferecer suporte às ações de inteligência, investigação e controle, fortalecendo o combate à extração ilegal — considerada a principal fonte de contaminação por mercúrio.
A reunião, conduzida pela procuradora da República Thaís Medeiros da Costa, também definiu a realização de um seminário em Santarém, ainda neste mês de setembro, para apresentar dados de pesquisas já concluídas e em andamento. O evento deve reunir secretários municipais de Saúde da região, ampliando o diálogo com gestores locais.
Criado pelo MPF e pelo Ministério Público do Estado do Pará (MPPA), em parceria com instituições públicas e sociedade civil, o fórum é um espaço permanente de debate e articulação. Suas ações estão alinhadas à Convenção de Minamata, tratado internacional que busca reduzir os impactos do mercúrio sobre a saúde e o meio ambiente. A reunião reforçou o papel do colegiado como elo entre ciência, sociedade e autoridades na busca por soluções integradas a um dos maiores desafios socioambientais da Amazônia.
Fonte: MP-PA