Iniciativa da AOMTBAM, em parceria com a Alcoa Foundation, visa o Ensino Médio para mulheres e fortalece a rede de enfrentamento à violência em Juruti, Óbidos e Santarém
Juruti, Óbidos e Santarém, no oeste do Pará, tornaram-se o palco do projeto 'Mulheres Fortes, Crianças Seguras', uma iniciativa da Associação de Mulheres Trabalhadoras do Baixo Amazonas (AOMTBAM) com financiamento da Alcoa e da Alcoa Foundation. O projeto, com duração de 12 meses, visa o fortalecimento e a proteção de mulheres, crianças e adolescentes na região, e já tem transformado vidas por meio da educação, formação de lideranças e fortalecimento da rede de enfrentamento à violência.
“Temos plena consciência do nosso papel no território e da responsabilidade que nos cabe na promoção do desenvolvimento social e humano. Por essa razão, reconhecemos a importância de atuar de forma efetiva no enfrentamento da vulnerabilidade social. O apoio a este projeto reafirma nosso compromisso com a criação de ambientes seguros e com o fortalecimento da autonomia e do protagonismo dos grupos envolvidos, ampliando oportunidades e contribuindo para a construção de um futuro mais equitativo e sustentável”, afirma Pâmella De-Cnop, Presidente do Instituto Alcoa e Diretora de Relações Externas e Sustentabilidade da Alcoa.
Uma das histórias mais emblemáticas é a de Maria das Dores Albuquerque, de 59 anos, e sua filha, Lia Rosane Albuquerque, de 23 anos, ambas moradoras de Juruti. As duas foram selecionadas para o curso de Educação de Jovens e Adultos (EJA) oferecido pelo projeto, marcando o reencontro de duas gerações com os estudos.
"Todo tempo eu ficava dizendo: 'Vou matricular, vou estudar', mas nunca tive disposição. Eu pensava que não passaríamos nessa entrevista, no edital, por morarmos em Juruti e eu trabalhar. Mas, para honra e glória do Senhor, estamos aqui," relata Maria das Dores. Seu sonho era concluir o Ensino Médio, etapa que precisou interromper há mais de trinta anos, quando trabalhava em Manaus, na expectativa de cursar Contabilidade.
Sua filha, Lia Rosane, também viu a trajetória escolar ser interrompida em 2019, devido a problemas emocionais e à pandemia. "Eu não era muito boa em Matemática, mas a mamãe é boa. Acho que ela vai me ajudar, e eu vou ajudar ela em algumas coisas. Será um apoio mútuo," conta Lia, sobre a expectativa de estudar junto com a mãe. O reencontro com a sala de aula é visto por elas como um "propulsor" para novas conquistas.
Um esforço que cruza o rio e mobiliza comunidades
A vontade de recomeçar é uma força que move as mulheres do projeto. Vanderléia Oliveira, mãe de seis filhos e 36 anos, moradora da comunidade Mirizal, exemplifica esse empenho. Para participar das atividades, ela precisa percorrer uma jornada que começa com uma viagem de quase duas horas de rabeta até a comunidade onde pega um barco de linha, chegando a Juruti somente entre 8 e 9 horas da noite.
"Eu tinha, e ainda tenho, muita vontade de terminar meu Ensino Médio. Eu tinha o sonho de estudar Advocacia," revela Vanderléia, que teve a oportunidade de inscrição compartilhada pelo padre de sua comunidade.
A coordenadora pedagógica Luciana Guedes destaca que o eixo Educação para o Futuro, um dos três eixos de atuação, busca aumentar a escolaridade de mulheres e jovens em vulnerabilidade. “Em Juruti, 20 mulheres estão sendo atendidas, e em Juruti Velho serão 40, totalizando 60 mulheres. Todas as alunas do EJA recebem um tablet para acompanhar as aulas pela plataforma EAD”, pontua.
O projeto também foca na alfabetização de crianças no contraturno escolar, utilizando metodologia lúdica e trabalhando em parceria com associações locais. Em Óbidos, o projeto ocorre no Quilombo do Silêncio, em parceria com a escola local, com o objetivo de fortalecer a cultura quilombola.
A educação como pilar do empoderamento
Ariadne Lima, Presidente da Associação de Mulheres Trabalhadoras de Juruti (AMTJU), que está em parceria com a AOMTBAM no município, enfatiza a importância da iniciativa. "A educação é o pilar da associação para que essas políticas públicas cheguem e para que as mulheres, através dela, possam se empoderar e se desenvolver, primeiro pessoalmente e, depois, profissionalmente. O Ensino Médio é o pilar para que as pessoas possam ter esse desenvolvimento formativo na sociedade".
O projeto está estruturado em três eixos principais de atuação: “Educação para o Futuro”: Implementação de cursos de Alfabetização e EJA em Juruti, Óbidos e Santarém; “Formação de Lideranças”: Capacitação de mulheres em liderança e participação política, com realização de 6 oficinas teórico-práticas e “Fortalecimento da Rede de Enfrentamento à Violência”: Capacitação de profissionais da rede de atendimento , realização de campanhas de conscientização sobre violência de gênero e implementação de grupos de apoio para mulheres vítimas de violência.
Sonho de nível superior é a inspiração que move a AOMTBAM
O projeto 'Mulheres Fortes, Crianças Seguras' não apenas preenche lacunas educacionais, mas também semeia o sonho de um futuro mais justo e igualitário na vida das mulheres e de suas comunidades. A coordenação espera que, com o sucesso do EJA, o projeto tenha a menor taxa de evasão possível. O impacto esperado do projeto é alcançar no mínimo 1.180 beneficiários diretos e 2.360 beneficiários indiretos, além de aumentar a participação das mulheres e da juventude na sociedade e a redução de casos de violência reportados.
Maria Auta Santarém, tesoureira da AOMTBAM, compartilha a emoção de ver a dedicação das participantes e revela uma expectativa ambiciosa para o futuro: "Meu sonho é que, após a conclusão, pudéssemos ter um outro projeto para que elas tivessem a oportunidade de cursar o Ensino Superior a distância (EAD). Elas merecem".
Dona Auta também relembrou a luta histórica da AOMTBAM que, em 2010, conseguiu junto à Universidade Luterana do Brasil (Ulbra) trazer a primeira turma de Ensino Superior EAD (Ciências Sociais) para o Baixo Amazonas, em resultado de uma "exposição de motivos" sobre as dificuldades da região. "Eu sempre digo: elas entram como uma mulher e saem como uma nova mulher," conclui.
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POR: Henrique Britto
FONTE: Assessoria de Imprensa da AOMTBAM