Otávio Figueira.
Em tempos passados, a maior diversão em Óbidos, depois das festas dançantes, era assistir um bom filme.
Por questões de logística um determinado filme chegava a ficar em cartaz uma, duas semanas.
O gosto e o prazer pelo cinema em Óbidos, nos remete, a meu ver, ao tempo em que nosso saudoso bispo D. Floriano, no domingo da ressurreição , após à missa da noite, reunia o povo em frente à catedral para passar o filme(acho que era em slide),"Vida,Paixão, Morte e Ressurreição de Jesus Cristo". Recorde de público!
Recordo-me, entretanto, do seu Nadir na ARP; Trianon (só de nome), Paroquial, Naomy, Acácia e, por último, o cine Alvorada.
A cidade de Óbidos era bastante pequena, limitava-se à capela de Santa Terezinha; Morro do Camelo; Umarizal e Prainha. Exatamente nesse local surge o Cine Alvorada de propriedade do saudoso e ex-vereador seu Augusto Vieira.
A molecada da época gostava de filmes de bang-bang com Durago Kid. O mais estressante, contudo, era no momento "h" do duelo entre "artista x bandido", terminava o primeiro rolo. Gritos, vaias...
Quanto anunciava um filme de guerra, romântico, ou melhor, de época, aí o público era mais seleto.
Os cinéfilos se reuniam, então, no bar Andrade e, de lá, em caminhada até o Cine Alvorada. Entre tantos, recordo-me do meu irmão Haroldo, Ary Ferreira, Titilo Savino, Fó, Laerti, Miguel Canto (depois inaugurou o Cine Acácia), Manoel Rego, Olívio Matos.
Ao final da sessão, por volta das 23h, próximo à igreja de Lourdes, depois de comentar a película, surgia a estória de visagem, mulher de branco, porca velha....Era quem mais amiudava os passos, quando não corriam, para chegar logo em casa. Nessa época já morávamos na rua do cemitério, local propício para os medrosos.
Embora Óbidos, à época, não oferecesse bons cursos aos seus filhos, mas, por iniciativa própria, como autodidatas, eram preparadíssimos para assumirem quaisquer funções relevantes na sociedade.
Fotos de Otávio Figueira