Geraldo Magela.
A minha aventura começa quando pisei no “pavês” da “bajara” que me levaria ao barco "MAURO CESAR", que nos transportaria à "Fazenda Nava". Eu estava sem apoio para subir no barco e o meu tio Podalyro disse-me para eu segurar no “balaústro” e contornar o “portoló” e em seguida gritou para o marujo ir “solecando” a corda, para fazer a desatracação com segurança.
Como de costume deixamos a nossa bagagem sobre o convés e atamos as redes para irmos “mornando” durante a viagem, quando fomos avisados da necessidade de baixar as sanefas, ante do “despenco” de um “piseiro”.
Como a hora do almoço ainda não se avizinhava, serviram uma lacuna (bolacha com suco).
Para o almoço o cozinheiro fez um arroz de carreteiro e tirou de uma lata com tampa, uma porção de “mixira”, que estava conservada na banha de porco, que foi o “peteco” que forrou o estomago de todos.
Chegamos à fazenda por volta das três, fazendo um viajão.
Como o batelão não podia chegar até o porto, fizemos o transbordo da bagagem para uma “igarité”, que veio a reboque e já tinham colocado na “ilharga” do casco do batelão.
Já todo mundo com a sua rede atada nas escápulas do esteio central do salão grande, só falta a chamada para pegar o rango da noite.
Em dado momento ouvi o meu tio falar:
- Ó dona Eugênia o que tem para a janta?
- O Feliciano pegou um “budeco” essa madrugada e eu aproveitei e preparei um “guereré” do miúdo, fiz “tombém” uma panelada de “cocoréu” da castração de ontem e uma “gororoba” da novilha que mataram para a ferra.
O meu tio perguntou:
- E a carne?
- Esta gente comeu e cada vaqueiro levou uma “putáua” para cada.
Diz alguém lá do meio do salão:
- Mas assim é melhor sustentar burro a pão-de-ló.
No dia seguinte as panelas vazias estavam amontoadas no jirau, numa prova que a galera deu de pau. Das duas uma: ou o rango estava muito gostoso ou a fome era muito grande.
Pela manhã cedo fui acordado por um motivo muito justo:
- Quer ir ao curral assistir a “tiração” de leite?
- Sim!
- Então leva uma cuinha para tomar uma “tipuca”. Coisa boa esta aí...
O domingo ia passando sem novidade , entretanto, lá pelas 4h alguém lembrou do jogo de seleção e o meu primo Haroldo Amaral arriscou falar com a mulher do capataz:
- Dona Eugênia me empreste o seu radio para nós escutarmos o jogo de seleção?
- Ah! Seu “Arurdo” me a desculpe mas aquele homi fala de pressa que as pilha acaba assim, no vento.
O resultado do jogo só fomos saber no dia seguinte, em Óbidos. É vero!
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