Otávio Figueira.
No final da década de 50 e início dos anos 70, quando ainda residia em Óbidos, outrora uma cidade ainda pequena que se circundava, basicamente, pelos bairros da Prainha, Morro do Camelo, Santa Terezinha e o Centro, a economia do município, porém, era pujante e bem aquecida pelas exportações dos produtos naturais como: juta, castanha, copaiba, cumaru e a madeira propriamente dita, sem o rigor e controle da fiscalização de hoje.
No entanto, para fazer frente a essa grande demanda negocial, a cidade contava com o Banco do Brasil em que assistia a várias cidades do Oeste do Pará com ênfase na pecuária.
Vislumbrar concurso público só com bastante orações e promessas à Senhora Sant'Ana, pois emprego para os conterrâneos só mesmo na prefeitura, magistério, em minúsculo número no comércio e na indústria de beneficiamento.
Eis que, com o incremento do mercado, começaram a chegar em Óbidos funcionários do Banco do Brasil de várias regiões para exerceram suas atividades laborais.
Entre tantos, declino nomes de vários "obidenses" que ajudaram sobremaneira nosso município não só em suas atividades fins como também no magistério, futebol, voleibol, entretenimento, enfim, até mesmo no aprendizado coloquial: Bosco (concunhado do Tito), Ariquenes, Epitaciano, Pituca, José Maria Coroca, Jonas Pastor, Felipe Caluff, Edival(Papa), Djalon, Da Silva, Everlim, Juracy Meneses, Baturité, Francisco ( Chico), Ricardo Cri-Cri, Paulo Magalhães, José Félix, Vitorino, José Mário, Ronaldo (Tamancão), Fernando Souza, Dagildo, Juracy Carequinha, Ariel, Noronha, Lobão(cunhado do Legito). Contudo, um grande número constituiu família com jovens obidenses.
Evidentemente, que a rede hoteleira da cidade (Hotel Braz Bello e Miquita) não tinha estrutura adequada para a demanda proposta, pois atendiam os viajantes negociantes que pernoitavam na cidade.
Nesse contexto, recordo-me do casal Sr. Manoel Marialva (conhecido como Azamor) e D. Maria, proprietário da pensão e hospedaria "Beija-Flor", na "ilharga" do mercado em que fornecia o almoço e a merenda para os jovens bancários. Ratifico, que era o melhor bife acebolado que já "apreciei".
Diante do acúmulo de serviços, outros colaboradores faziam suas refeições no próprio banco. Particularmente atendi o Antônio Luiz (Lúcia Brandão) e o meu irmão Haroldo, pois naquele tempo já existia o serviço terceirizado, demanda essa incrementada pelo Euler Amaral (Queché), ao "contratar" os meus serviços para levar, diariamente, várias garrafas com cafezinho da casa da D. Ana (Cardosinho, também funcionário) até o banco.
A maior frustração minha, para não dizer medo, era chegar com a marmita do mano Haroldo no bb(funcionava onde é hoje o escritório do Barco Papa Francisco), pela parte de trás, em que atendiam o Crédito Rural, gerenciado pelo meu padrinho Tito Valente, e deparava de cara com o Sr. João de Deus da Silva Carrapateira, de cor (hoje não posso expressar),1,90m de altura, creio que mais de 100kg, que me ordenava deixar o alimento sobre a mesa e, em seguida, carregava-me colocando em um armário de madeira em meio a livros e arquivos empoeirados.
Comentava-se, então, que ele chegou até Óbidos como "castigo" da Revolução de 64. Sei não, mas acho que foi um prêmio, pois depois que se mudou para o Rio de Janeiro, não transferiu o seu domicílio eleitoral para sempre estar entre nós.
Concluindo, até hoje, em menor escala, à nossa Terra continua recebendo migrantes em diversas áreas profissionais, sempre de braços abertos e que, rapidamente se adaptam aos nossos costumes e trejeitos, formando uma só família.
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