A centenária Escola São Francisco e seu pé de Cutitiribá

A centenária Escola São Francisco e seu pé de Cutitiribá

Por João Canto. 

Iniciei minha vida estudantil em Óbidos na escola Duque de Caxias, posteriormente fui estudar na Escola Profissional São Francisco e, por último, na Felipe Patroni. Nessa época, nos idos anos 70, a Escola Profissional São Francisco era referência na educação obidense e só admitia homens, ao contrário da Escola São José que só admitia mulheres. Na frente do prédio principal, já existia um pé de Cutitiribá, que resistiu ao tempo e lá se encontra até hoje.

A Escola São Francisco foi fundada em 1º de junho de 1911 sob a direção de Frei André Noirhome, padre Franciscano, com a ajuda do professor José Tostes, inicialmente funcionava em uma das dependências da Igreja Matriz de Santana.  Em 1945, por intermédio do Frei Protásio, Dom Floriano e Frei Daniel, a escola foi transferida para uma construção ao lado da residência dos padres, onde atualmente está sediada a escola.

A construção da Escola Técnica Profissional “São Francisco” iniciou em 1951 com recursos do MEC em parceria com o governo do Estado do Pará e a Prefeitura de Óbidos, na administração de Dr. Raymundo da Costa Chaves. A conclusão da obra ocorreu no ano de 1955, reconfigurando o cenário educacional da sede do município.

Escola São Francisco na década de 50

Escola centenária, já educou muitos obidenses, influenciando em suas profissões, pois à época, tinha como meta formar profissionais em várias áreas do conhecimento.

Toda escola por onde passamos, sempre deixa lembranças, às vezes boas, outras vezes nem tanto. Na escola São Francisco o que mais me recordo são dos meus amigos, amizades que perduram até hoje, professores e da árvore frutífera plantada bem em frente ao prédio principal, chamada Cutitiribá.

Escola São Francisco, lado esquerdo o pé de Cutitiribá, em 2022.

No mês de julho, o amigo Evander Batista me pediu pra fazer umas fotografias da escola, onde ele também estudou, pois iriam fazer uma homenagem ao nobre amigo. Ao chegar na escola, fui recebido pela atual diretora, Professora Bárbara Aquino, que gentilmente permitiu fotografar a escola.

A primeira lembrança que me veio à mente foi a árvore de Cutitiribá, que atualmente está enorme. Uma árvore frondosa, bastante alta, que nem se compara com aquela pequena árvore onde subíamos em seus galhos para alcançar e disputar seus deliciosos frutos, em época da safra.

Resolvi postar nas redes sociais uma das fotografias que fiz, na qual aparece o pé de Cutitiribá e a repercussão foi imediata, além da minha expectativa, com comentários emocionantes. 

Foto postada nas redes sociais.

A fotografia despertou muitas lembranças agradáveis de quem por lá passou, traduzidas em comentários que revelam muitas histórias e lembranças, com bastante saudade. Estou postando alguns comentários, identificando os autores, para terem a ideia de quanto o pé de Cutitiribá marcou a vida das pessoas que estudaram naquele educandário, que já formou milhares de obidenses espalhados por este "mundão de meu Deus", como diz um amigo. O Cutitiribazeiro permanece lá, resistindo ao tempo e deixando marcas nas vidas dos novos educandos da Escola São Francisco.

Alguns comentários:

Alessandro Savino: “Quantas vezes descansei, sonhei e descortinei o futuro sobre suas doces sombras....Obidenses eu vi o passar do tempo tendo como testemunha este frondoso e imponente Cutiteiro”.

Jarlison Farias: “Realmente e já se vão mais de 30 anos que estudei aí ... nessa escola e a árvore continua bela”.

Dino Priante: “Esse cutiteiro é da época do meu primário, início anos 60. Tínhamos a horta, reuniões aos sábados, carpintaria, tipografia, quermesses, o “reré” que saboreávamos, utilizando folhas de cajueiros como colheres. O reré, era mingau de fubá, gorgulho, mingau de trigo, tudo feito por dona Júlia, filha de seu Estrela”.

Marcilene Castro Dos Reis: “Ainda resiste ao tempo! Tenho lembranças maravilhosas desse lugar onde trabalhei com muito orgulho. Saudades!”.

Manoel Luiz: “Estudei no ano de 74, minhas professoras foram Líbia e a saudosa Cesarina Aquino e dava muito cutite. Bons tempos aqueles só lembranças”.

Wamilza Matos: “Nossa, ficava na frente da casa do meu pai, tenho boas lembranças da minha infância que eu estudava e brincava muito em baixo desse cutite. Tempo bom que não volta mais”.

Raimundo Paes: “Só pra lembrar que o nome é "Cutitiribá", morei em frente DESSE colégio Travessa Acioly Lins nos anos 60 e ESSA árvore já existia e fazia sombra para saborear aquela merenda mingau de fubá, trigo ou burgulho, era muito divertido, quem não tinha colher adaptava uma folha de cajueiro muito condenado pelas professoras”.

Carlos Rodrigues Pantoja: “Minha Escola, meu ensino. Minha infância. Saudades, tempos bons. Estudo, horta, Missa semanal, Clube Agrícola com reuniões aos sábados. Brincadeiras, reré da D Júlia Estrela. Ainda irei visitá-la”.

Cristóvão Matos: “Fiquei muitas vezes de castigo por causa desse cutiteiro da minha escola querida, onde estudei da primeira a quinta série e tive como professoras as senhoras: Valda Salgado, Isonina Bentes, Líbia Couto, Valdeci Jordão, Edna Simões, Marlea Grandal Coelho, Marilda Weber, Cesariana Aquino e Frei Rodolfo”.

Socorro Fernandes, alerta para os cuidados que se deve ter com essa árvore símbolo da Escola São Francisco: “Linda !! Só precisam saber como está a raiz desta gigante pra não causar acidentes. Se aí tiver o órgão competente já deveriam ter avaliado as árvores centenárias”.

Esses foram alguns comentários!

Assim, deixo aqui uma sugestão para direção da escola: Seria bom produzir mudas da árvore do Cutitiribá e plantar em outras áreas da escola, pois daqui há alguns anos estarão produzindo muitos frutos e sombras, e os alunos desse educandário que continua sendo referência na educação obidense, possivelmente, construindo sonhos em suas sombras, quem sabe se deliciando com o saboroso fruto do Cutitiribá, o Cutiti.

CUTITIRIBÁ (DIC): Árvore frutífera nativa das Guianas e do Brasil, com madeira de cerne amarelado, folhas membranosas, flores solitárias ou ternadas e frutos comestíveis. Conhecido também como cucutiribá, cutiti, cututiribá, guitiroba e outros nomes. O fruto Cutiti é arredondado, de cor amarela na casca e também na polpa. A frutificação ocorre nos períodos de outubro a fevereiro e é encontrado na região amazônica e do nordeste brasileiro ao Mato Grosso. Pode ser consumido in natura, mas com a sua polpa podem ser feitos cremes doces e salgados.

FOTOS....


www.obidos.net.br - Fotos de João Canto

Comentários  

0 #3 JOSÉ RAIMUNDO CANTO 16-08-2022 09:19
Estudei nessa escola na década de 60/70, e ali construí o alicerce de minha formação humana, tendo como professores o frei Edgar, irmãs Berckman e Ermelinda, Maria C[censored]s, dr. Freitas, Julinha, Cláudio Hamany, dentre outros. Belas lembranças.
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0 #2 Paulo Picanço 15-08-2022 12:58
Estudei aí também, lembro que tinha também um cajueiro além do cutiteiro mas acho que existe mais, pelo menos nas fotos não aparece.
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0 #1 Élison Araújo 13-08-2022 17:07
Que nome grande! Quando eu estudei por lá, a gente abreviava o nome dessa fruta pra cutiti apenas rsrs
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