Edilberto Santos
Prossigo nessa bela Oração compartilhando meus olhares sobre este magnífico filho de Deus que, dentre outras virtudes, teve a coragem de se desfazer de bens materiais enquanto toda a humanidade busca adquirir sempre mais e mais bens e patrimônio.
Nesta parte da Oração entendo que Francisco passa a se dirigir em rogativa a JESUS (Mestre) enquanto na 1ª e 2ª parte, sob minha ótica, ele se dirigia a DEUS PAI (Senhor) observado aqui a Santíssima Trindade.
*Ó Mestre, fazei com que eu procure mais consolar que ser consolado.
Como já expressei anteriormente, entendo que Francisco a partir de agora toma como seu paradigma e Mestre a pessoa de JESUS, a quem seguiu imitando em seu evangelho a ponto de ser reconhecido como seu fiel seguidor, e foi justamente ele quem primeiro recebeu as “CHAGAS DE CRISTO”.
Se você observar em algumas representações de Francisco especialmente nos quadros pintados por renomados artistas, ele aparece ou com suas mãos enfaixadas ou com marcas de cravos nas mãos e nos pés.
Também é referido por seus biógrafos, que ele possuía um ferimento no mesmo lugar do corpo em que JESUS foi ferido com uma lança no Monte Gólgota quando fixado à cruz (crucificado), ferimentos esses que dificultavam seus movimentos e tornavam especialmente doloridas suas caminhadas e, a seu pedido, foi enterrado despido, momento em que várias pessoas puderam conferir a real existência em seu corpo das CHAGAS DE CRISTO.
Nesta parte da Oração Francisco, a meu sentir, pede forças a JESUS para se tornar não mais “reativo” aos sentimentos, emoções e situações que preexistem nos corações humanos, mas agora roga a JESUS que como seu MESTRE o ajude a, sendo sempre um instrumento de Deus, procurar (atitude proativa) mais consolar que ser consolado.
Mais uma vez Francisco abre mão do egoísmo, que não lhe cabia como homem iluminado, sentimento que infelizmente é característica predominante em muitas personalidades humanas. Abre mão também de pedir primeiro para sí e depois para os outros como normalmente acontece conosco, enfim, pede forças para poder consolar, para poder minimizar o sofrimento humano oferecendo Orações, curas e palavras de conforto a quem sofre, notadamente aos doentes e dentre esses os leprosos (hansenianos).
Ser consolado é uma situação agradável e confortadora, preferindo este Santo ainda em vida, trilhar o caminho ativo de promover o consolo do que ficar na atitude passiva de ser consolado.
*Compreender que ser compreendido.
Volta Francisco a se despir da confortável postura de ser compreendido, justamente ele que foi absolutamente incompreendido durante sua vida após a conversão extremada ao cristianismo e aos ensinamentos de JESUS, especialmente em sua casa e por seu próprio pai como também pela sociedade local, aí incluídos os representantes eclesiásticos que viam surgir em Assis um fiel seguidor de JESUS, que pregava o Evangelho de forma itinerante ao contrário do Clero que o fazia na época pregando a palavra de Deus no conforto dos mosteiros.
Contrapõe-se Francisco à suntuosidade e conforto material que caracterizava a igreja católica naquela época e também, convenhamos, nos dias atuais.
Apesar desse histórico de vida de incompreensões que havia sofrido, ele do alto de sua autoridade moral e espiritual pede ainda assim a JESUS que lhe permita compreender as pessoas, seus dramas, suas dores, seus desesperos em lugar de pedir a compreensão Divina para seus próprios dramas, dissabores e sofrimentos típicos de um ser humano comum.
*Amar, que ser amado.
Aqui, a meu ver, é o ponto culminante da Oração no aspecto da sua entrega de corpo e alma a DEUS, a JESUS e ao ESPÍRITO SANTO posto que na base de todo o comportamento de Francisco está uma palavra de quatro letras: AMOR.
Nada do que foi recitado nesta Oração pode ser alcançado sem o concurso do AMOR em sua plenitude de significado e de abrangência, sentimento esse que está presente em todos os momentos da vida de Francisco após sua conscientização de que levava uma vida desregrada e que desagradava a DEUS, e tal qual ocorreu também com SAULO DE TARSO depois chamado de SÃO PAULO, recebeu Francisco o chamado de Deus para seguir o correto caminho que leva a Ele.
Preferir amar que ser amado, significa dizer que Francisco prefere se doar, prefere perdoar, prefere compreender enfim, prefere amar a Deus sobre todas as coisas e a seu próximo antes de si mesmo, estando este fisicamente próximo ou não como foi o caso de seu pai que, ainda que estivesse próximo fisicamente estava a léguas de distância de compreender o comportamento de seu filho Francisco “o pequeno francês”, e nem por isso Francisco nutria ódio pelo mesmo como demonstra sua notável e exemplar biografia.
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