Único acidente Aeronáutico no Município de Óbidos

Único acidente Aeronáutico no Município de Óbidos

Texto em homenagem ao Dr. Hélio Marinho, sobrevivente de um acidente de avião em Óbidos.

Dino Priante (Este endereço de email está sendo protegido de spambots. Você precisa do JavaScript ativado para vê-lo.)

Acredito que poucos obidenses têm conhecimento da queda de um avião tipo teco-teco, que caiu no terreno do lavrador conhecido como seu  Chicó, hoje pertencente aos herdeiros de Ary Ferreira, onde todos sobreviveram.

No dia 01 de outubro de 1962, por ocasião da campanha para deputado estadual, o então prefeito de Óbidos na época, em conversas com o juiz da Comarca de Alenquer/Óbidos, estava se lamentando que não houvesse feito nenhuma visita aos eleitores alenquerenses. O Juiz que atuava nas duas comarcas, ofereceu-lhe uma carona até essa cidade, visto que um avião marca STINSON SR – 10F RELIANT de fabricação inglesa, prefixo: PT-BBT de cinco lugares, monomotor, com estruturas em alumínio e madeira, revestido de lona, viria lhe apanhar em Óbidos para audiências na cidade de Alenquer.

O Candidato aceitou o convite, mesmo porque retornariam no mesmo dia e o candidato havia agendado pela parte noturna um comício no Paraná de Baixo, na Boca do Igarapé do Pinto.

Viagem normal até Alenquer. Nosso candidato combinou com o juiz que se encontraria em um restaurante, logo após o almoço retornariam à Óbidos.

Hora marcada no restaurante, o juiz não se fez presente, mas o piloto senhor Fausto e o dono da aeronave senhor Diniz, estavam presentes; comunicaram-lhe que o juiz não retornaria mais naquele dia, pois teria que fazer outras audiências, porém eles regressariam à Óbidos, para transportar um passageiro que viria à Alenquer.

Uma senhora também obidense, soube da viagem e solicitou uma carona. Dirigiram-se ao aeroporto, essa senhora quando chegou a margem da pista, viu que o aparelho era de lona, ficou receosa e exclamou: Mas este avião é de lona, o piloto e o dono, responderam que não havia problemas, pois a aeronave era segura.

Estava uma tarde linda de verão, com o céu de brigadeiro, ótima para viagem aeronáutica.

Às treze horas a aeronave começou a taxiar para a decolagem com quatro pessoas a bordo, o guarda campo, fez sinal que estava “vazando óleo pela biquilha”, senhor Diniz respondeu: ”é que o tanque está cheio, e o vazamento é  pelo ladrão”.

Decolaram! Com alguns minutos de voo, sobrevoando um lugar chamado Curuá o proprietário do avião, perguntou ao então candidato, que era um dos passageiros, se havia alguma pista de pouso naquele lugar, resposta do passageiro: havia, no entanto estava em construção, o proprietário fez sinal para o piloto seguir em frente, o mesmo também não disse o motivo da pergunta.

Passado mais alguns minutos, o motor do avião passou a esquentar bastante, logo depois, ouve-se um barulho muito grande, como se a máquina estivesse fundida, devido à alta temperatura. Nesse momento já sobrevoavam o lago do Mamauru. Piloto desligou o motor para evitar uma explosão no ar, com isso o eixo da hélice se rompeu devido à abrupta interrupção do giro e obviamente a palheta despencou.

Nesse momento, o dono do aparelho, dirigiu-se aos passageiros e comunicou o problema, explicando que o aparelho iria planar, e ver se achavam um local adequado para descer.

A senhora perguntou ao companheiro de viagem: E agora? o candidato de pronto disse: vamos morrer, foi o suficiente para a passageira desmaiar.

O piloto conduzindo o aparelho com maestria, avistou o milharal do senhor Chicó, Rafael, seu filho tinha visto a hélice sacar do aparelho. Vendo a aeronave em pane, seu Chicó apavorou-se, segundo comentário de alguns obidenses, senhor Chicó, corria de um lado para o outro, porque um observador em terra, olhando para um ponto em uma altura tal em um ângulo de 60 graus, esse ponto vem sempre em sua direção.

O avião desceu no milharal, a asa que estava cheia de combustível, bateu em um tronco de árvore arrancando-lhe, em seguida a sua extremidade bateu em outro tronco fazendo um cavalo de pau, nesse momento nosso prefeito/candidato a deputado estadual, sentiu-se mal, como que fosse desmaiar, mas recuperou-se logo.

Os ocupantes sofreram escoriações leves, não houve explosão. Todos saíram apressados, menos a senhora que ainda estava presa ao cinto de segurança e desmaiada. Depois do susto, socorreram a passageira que já estava se recuperando. Quando senhor Rafael viu de quem se tratava, afinal era eleitor do prefeito, deu toda atenção possível, tal era o prestigio que o passageiro desfrutava no seio dessa família.

Nosso candidato foi à procura do senhor Chicó, ele estava dentro de um poço em construção, protegido, desse modo o avião não lhe atingiria.

O candidato pediu um cavalo, arranjaram-lhe um burrico com a cangalha, nesse animal, o candidato foi até a cidade, onde estava seu Jipe, retornando ao local do acidente acompanhado do Dr. Jofre Cohen onde foram efetuados os primeiros socorros, trouxe a vítima para o hospital, assim como o piloto e o proprietário.

A perícia, feita no avião, concluiu que a braçadeira do mangote não fora dada o ajuste correto, com isso se deu o vazando até seu esvaziamento, motivo do super aquecimento.

Posteriormente, esse avião sem as asas, foi transportado no caminhão de dona Aurora Rêgo Imbelloni, dirigido pelo Miguelzinho Canto, para o quintal da Prefeitura, na Rua Justo Chermont. Logo depois, transportado para Santarém, como sucata acredito, que foi único senão um dos poucos acidentes de avião no município de Óbidos sem vítima.

O sobrevivente que tinha tem 84 anos quando narrou todos esses fatos, que me deu detalhes desse acidente se mantinha com uma excelente saúde, porém nesta data 05.03.2024, partiu definitivamente, Deus ainda lhe deu 61 anos e 5 meses de vida pós acidente. Esse cidadão é o ex prefeito de Óbidos nos anos  de 1958/1962, Dr. Hélio Marinho de Azevedo, obidense, era pessoa honrada, que tinha  grande satisfação de fazer parte de sua amizade. Dr.Hélio  gratificava quem por ventura encontrasse  a hélice desse aparelho, que deve estar enterrado dentro do sítio, num raio de 1500 metros da queda do aparelho. Outra vítima já é falecida era a senhora Elizabeth Sarraf, o senhor Diniz há pouco tempo continuava voando em uma empresa comercial, senhor Fausto desconhecemos seu paradeiro.

Avião era parecido com este da foto: STINSON SR – 10F RELIANT.

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