TRAPICHE, artigo de Otávio Figueira

TRAPICHE, artigo de Otávio Figueira

Por Otávio Figueira

A palavra trapiche de origem greco-latina (do grego tra-peton que passou para o latim com a forma trapetum) significava, primitivamente, moinho de azeite, surgindo com este entendimento em autores latinos como também armazém geral onde são estocadas mercadorias destinadas à importação ou à exportação.

Em Óbidos, na prática, exercia atividades mais ampliadas e diversificadas devido à sua localização margeando o rio Amazonas, navegável no inverno e no verão.

À frente da cidade contemplava dois trapiches. Um em frente o mercado municipal (desativado e sem vestígios); outro em que o local ainda resiste ao tempo, porém sem a estrutura original.

Com a economia da cidade pujante e aquecida, o trapiche era um tipo de comercial do bombril com mil e uma utilidades.

Navios de grande calado atracados ou aguardando para descarga e carregamento agitavam a cidade em vários aspectos.

Concomitantemente a transação  comercial, tinha o seu lado turístico de visitação de famílias para seção de fotos (retratos), receber ou levar passageiros em viagem, paqueras e a reflexão da vida inspirada nas águas turvas do magestoso rio.

Quando espraiava a notícia que algum Loide (como o povo se expressava) atracaria no porto a população, consequentemente, ficava ouriçada, pois tal movimentação era sinal de novidades na comunidade.

Lembro-me que os conterrâneos ficavam mais perfumados, dinheiro nos bolsos, variedades de cigarros, frutas diversificadas até então conhecidas só por meio de reclames de jornais impressos. Até o nosso jaraqui se "milindrava" com a "invasão" do bacalhau.

Os saudosos carregadores André (Jacaré), Peco e Firmo eram bem solicitados, pois serviam de elo entre os consumidores e a tripulação das embarcações na "pesca" dos produtos como whisky Ballantines e pertume Artimatic, entre outros.

Por outro lado, o vendedor Geraldo (Cachorra), também falecido, mais indiscreto, saia pelas ruas propagando marcas de perfumes em "francês" paroquial, que de tanto gritar ficou beiçudo.

Enfim, visitando atualmente o local do antigo trapiche só boas recordações, pois agitação lá somente das águas do Amazonas.

Portanto, não deixemos que um lugar histórico e pitoresco fique no anonimato, haja vista que à cidade de Óbidos, diferentemente de outras plagas, não tem um porto(trapiche)decente e funcional para chamar de "seu".

 

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