VIDA, poesia de Izarina Tavares Israel

VIDA, poesia de Izarina Tavares Israel

Izarina Tavares Israel.

Enquanto meninas e meninos que vi nascer

Cresceram a olhos vistos

Como minhas dores,

A rocha em que me tornei

Jamais se entrega.

Vivo a espera de dias ensolarados

Manhãs primaveris

Enquanto novas trovoadas

Anunciadas pelos insistentes ribombos dos trovões

Não se calam.

Nem os fortes temporais

Ou deslizamentos

Nada, nada me impede de sair.

Não tenho redomas ao meu redor

Há muito as destruí.

Tenho sempre

Uma segunda pele por arrancar, e outra, e outra.

Os que vi nascer

Casaram-se, outros separaram-se

Só vendo a prata em seus cabelos

É que percebo que envelheci.

Entre dores, ainda sinto-me jovem

E se volto à minha terra

Me dou conta que, não conheço ninguém.

Já não posso alcança-los

Em seu caminhar sem dores

Quando o meu um tanto lento

Não condiz com minha memória jovem

Que me empurra para frente.

Jamais fujo!

Intensamente vivo, interiormente.

Não descanso

Nem a morte me para

Me aprisiona.

Temos tantos contatos

Somos já quase amigas.

Não me lamento

Apenas me atordoo

E sinto frio

Com tantas tempestades.

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