Ocupando os mais diversos cargos do operacional até a liderança, as mulheres mostram cada vez mais sua versatilidade.
“Isso é trabalho para homem”. Felizmente, esta frase já está defasada atualmente, e as mulheres vêm mostrando que podem fazer o que quiserem e onde quiserem, como na mineração, por exemplo.
No Chile, por exemplo, um estudo mostrou que a participação feminina na mineração, que foi proibida por lei até 1997, representa 8,4% da força de trabalho, número que vem aumentando a cada ano. Em outros países, como Austrália e Canadá, esse percentual beira os 20%. No Brasil, nos cursos de graduação em carreiras de engenharia na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) a participação feminina evoluiu de 17% em 2005 (sendo 15% em engenharia de minas), para 33% em 2014 (36% em engenharia de minas) e 31% em 2017.
Agora, elas estão em todos os setores, do Administrativo ao Operacional, e batalharam muito para chegar lá. É o caso de Maria Edinete Ferreira, ou apenas Dina, como é conhecida pelos colegas. Ela completou um ano trabalhando como operadora de equipamentos na mina da Imerys, mineradora que atua com caulim em Ipixuna do Pará e Barcarena. Inicialmente, ela trabalhava em uma terceirizada dentro da empresa como auxiliar de Serviços Gerais e, posteriormente, foi contratada pela Imerys já como operadora de equipamentos. “Tive alguns desafios nesta busca para ser incluída como colega de equipe, encarar rótulos de fragilidade pelo fato de ser mulher e mostrar que eu conseguiria trabalhar no regime de turno”, conta.
Como operadora, Dina atua diretamente na lavra da empresa preparando, regulando e operando máquinas industriais de grande porte. O trabalho é pesado, mas o tempo onde apenas homens poderiam fazer isso já acabou. E falando em trabalhar nos mais diversos segmentos, Vaniléia Andrade há 23 anos atua na Mineração Rio do Norte, maior produtora de bauxita do Brasil, com sede em Porto Trombetas, no município de Oriximiná. Entretanto, embora o seu trabalho seja feito no solo, sua atenção está nos ares: ela é operadora das Estações Prestadoras de Serviços de Telecomunicações e de Tráfego Aéreo da MRN, apoiando o tráfego aéreo da região e também a única estação do tipo no Pará.
“É um trabalho diferente e com diversos desafios, sem dúvida. É diferente de um controlador de tráfego, que é mais específico. Nós passamos as informações necessárias para o comandante para ele tomar as melhores decisões. É uma forma da Mineração Rio do Norte prezar pela segurança de todos da região e principalmente dos voos que decolam no aeroporto de Trombetas. Fico feliz de fazer parte disso, é extremamente gratificante”, conta.
Com as informações de um operador de Aeronáutica, a tripulação pode prosseguir, alternar ou mesmo cancelar um voo. Apesar de não dar instruções de voo às aeronaves, o operador de Aeronáutica gerencia a operacionalidade dos serviços de tráfego no espaço aéreo e tem papel muito importante na segurança de voo. Para atuar na área, Vanileia credenciou-se pelo Departamento de Controle do Espaço Aéreo (DECEA), entidade governamental militar do Comando da Aeronáutica brasileiro.
“Mesmo depois de tantos anos, ainda me dá um frio na barriga, em especial no período da pandemia onde apoiamos voos com pessoas queridas com covid-19. Sei porque vivi isso: eu estava trabalhando e apoiei o voo que levou meu irmão para receber tratamento em outro hospital quando ele contraiu a doença. Tive que deixar toda a emoção no cantinho e fazer meu trabalho com o profissionalismo de sempre”, explica a operadora, que hoje atua em uma equipe com mais dois homens e tem muito orgulho do trabalho que presta.
Ainda em crescimento dentro de áreas como a engenharia e a mineração, a expectativa é cada vez mais incentivar mulheres a participarem destes universos. “Mulheres gostam de desafios, afinal temos força, atenção e amor pelo que fazemos. Desejo que muitas mulheres lutem por seus sonhos e conquistem a oportunidade de desenvolver suas carreiras, como eu venho fazendo”, conclui Dina.