PERIGO NO ESTÔMAGO: Exames de Raio-X em crianças aumentam com festas de fim de ano

PERIGO NO ESTÔMAGO: Exames de Raio-X em crianças aumentam com festas de fim de ano

Radiologista alerta sobre os riscos da ingestão de corpos estranhos e orienta sobre a importância do diagnóstico por imagem para evitar danos irreversíveis

Nesta época de Natal, a combinação de casas repletas de enfeites brilhantes e a chegada de novos brinquedos gera um aumento perceptível no fluxo de crianças em emergências por ingestão de objetos. Nos exames de Raio-X, os achados mais comuns no trato gastrointestinal, principalmente no estômago, são pilhas tipo botão, peças metálicas de brinquedos e pequenos adornos natalinos.

De acordo com a radiologista Tâmara Pereira, coordenadora do curso de Radiologia da UNAMA Santarém, o Raio-X simples é o exame inicial de escolha. “Ele permite identificar objetos, avaliar sua localização e auxiliar na conduta clínica, reforçando a importância da justificativa do exame e da proteção radiológica pediátrica”, explica a especialista.

Sinais físicos e urgência

Muitas vezes, os responsáveis não presenciam o momento da ingestão ou aspiração, tornando o reconhecimento dos sinais físicos fundamental. Sintoma como engasgo súbito, episódios repetidos de tosse sem causa aparente, choro intenso, irritabilidade e dor no peito ou abdômen são alertas críticos. De acordo com Tâmara, existe uma diferença vital entre os quadros: a aspiração, quando o objeto vai para o pulmão, é, geralmente, mais grave e urgente do que a ingestão digestiva, exigindo avaliação imediata.

Um dos maiores perigos reside nas "baterias botão" e nos imãs presentes em brinquedos eletrônicos. Do ponto de vista médico e radiológico, esses são casos de emergência máxima, pois podem causar lesões rápidas, silenciosas e danos irreversíveis antes mesmo do surgimento de sintomas. Já as moedas, geralmente, permitem observação.

“O Raio-X simples identifica com facilidade objetos metálicos e radiopacos, como moedas, pilhas e ímãs. Já plásticos e borracha são pouco visíveis, tornando o diagnóstico mais difícil. Na Pediatria, o exame deve sempre ser interpretado junto aos sintomas, nunca isoladamente”, pontua a radiologista.

O que não fazer

Na hora do desespero, atitudes impensadas dos pais podem agravar o quadro. De acordo com Tâmara Pereira, jamais se deve oferecer alimentos como miolo de pão, banana ou água em excesso na tentativa de "empurrar" o objeto. Tentar retirar o corpo estranho com o dedo ou instrumentos, administrar medicamentos por conta própria ou aguardar em casa para ver se há melhora são condutas que devem ser evitadas antes do diagnóstico médico por imagem.

Procedimentos e condutas

A imagem é decisiva para definir se é possível esperar ou é preciso agir imediatamente. Segundo a especialista, a maioria dos corpos estranhos passa espontaneamente pelo organismo. Porém, baterias botão, ímãs e objetos cortantes nunca devem ser apenas observados e exigem atenção especial. “O Raio-X não serve apenas para ver onde está, mas para decidir com segurança se é necessário procedimento invasivo, como endoscopia ou cirurgia”, explica.

Prevenção na manhã de Natal

Para garantir a segurança durante a abertura dos presentes, a orientação é a supervisão direta de um adulto. Além das peças pequenas, é fundamental o descarte imediato de embalagens, grampos e fechos. “O perigo não está só no brinquedo, mas também no que sobra dele. Atenção aos detalhes evitam emergências médicas e radiológicas”, finaliza Tâmara Pereira.

Por: Henrique Britto

 

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