Assessorado pela Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater), o piscicultor Eduardo Arima implantou, nos meses de novembro e dezembro de 2021, em sua propriedade em Benevides, na Região Metropolitana de Belém, um laboratório de alevinagem de pirarucu com o objetivo de atender a uma demanda crescente de produção. O projeto-piloto conta com quatro mil alevinos e a expectativa é de que, até o final de fevereiro, os primeiros resultados das técnicas de alevinagem e treinamento utilizadas sejam quantificados.
O laboratório está instalado em um pequeno galpão medindo 4 metros de altura por 10 de largura. No espaço há seis pequenos tanques que são abastecidos com a água do rio que percorre a propriedade e é “decantada”, como estratégia de combater a mortalidade dos alevinos.
“Decantar” é uma técnica utilizada em que a água é colocada em um tanque externo por um determinado tempo até que os resíduos se alojem no fundo, e que a água fique com menor concentração de partículas em suspensão.
Segundo o engenheiro de pesca da Emater, Tiago Catuxo, o trabalho é intenso e preciso. A reprodução da espécie requer bastante atenção do produtor, uma vez que ocorrer de forma natural e seus alevinos precisam ser treinados a capturar ração.
"Após os alevinos alcançarem 10 centímetros, começa o treinamento alimentar. A alimentação ocorre de 2 em 2 horas, a depender de monitoramento porque exige observação constante. A troca da água 'decantada' ocorre sete vezes por dia", conta Catuxo.
A montagem do projeto como unidade de observação é o fechamento da cadeia produtiva em todas as etapas até a comercialização.
Pioneirismo na criação de pirarucu em cativeiro na RMB
Assistido há mais de 10 anos, o piscicultor cria pirarucu em tanques suspensos com a elaboração e acompanhamento pela equipe da Emater, que também doou os primeiros reprodutores existentes na propriedade.
"Há anos eu conto com o apoio da Emater. Eu iniciei como agricultor, com culturas de frutíferas, e há seis anos comecei a trabalhar com a criação de pirarucu, e a equipe técnica do escritório local de Benevides, sempre esteve presente, me auxiliando nessa transição de atividade. Essa é uma parceria que vem dando muito certo", ressaltou o piscicultor, cuja produção abastece os principais mercados da região e já até e exportou para o exterior.
Atualmente, Arima possui dois mil animais em processo de "engorda", dentro de 10 tanques suspensos, que possuem 6 metros de diâmetro e 28 m³, com 180 peixes em cada. Os peixes são abatidos em 12 meses, quando alcançam 10 quilos.
“Essa propriedade serve de modelo, e por isso já recebeu 12 edições de Dia de Campo [formato de demonstração de técnicas e tecnologias], além de caravanas de vários municípios como Baião, Bragança, Capitão poço, Tailândia, Paragominas, e da Ilha do Marajó. A multiplicação desse conhecimento já beneficiou 10 produtores da Região Metropolitana e nordeste paraense, o que representa 70 tanques suspensos com produtividade de 140 toneladas até o final de 2022”, contou Catuxo, que é mestre em aquicultura e especialista em gestão ambiental.
Cenário favorável
De acordo com a Emater, a RMB e o nordeste paraense apresentam um clima favorável pra criação de peixe em cativeiro, uma facilidade de logística para escoar a produção e uma disponibilidade hídrica. As principais espécies criadas em ambiente cativo são a tilápia e o tambaqui.
O primeiro passo para a implantação da atividade é uma visita à propriedade, quando os técnicos da Emater fazem o levantamento da área e o layout do local dos tanques.
A partir dessa definição, é feita a orientação sobre manejo, escolha da espécie, o controle de qualidade de água, o fornecimento de ração e a biometria. Em um período de 10 a 12 meses, os técnicos da Emater iniciam a assessoria para a despesca e comercialização.
Texto: Paula Portilho (Emater)