Psicóloga orienta sobre como promover o bem-estar diante da sobrecarga do dia a dia
O dia a dia de muitas mulheres brasileiras é marcado por uma exaustiva rotina de compromissos profissionais e responsabilidades domésticas. Um acúmulo de tarefas que, de acordo com a psicóloga e docente do curso de Psicologia da UNAMA Santarém, Yara Caripuna, eleva os níveis de estresse e ansiedade, além de afetar gravemente a saúde mental. “Muitas experimentam a Síndrome de Burnout e acabam desenvolvendo quadros de depressão e problemas psicossomáticos devido à sobrecarga”, explica.
Fatores como a desigualdade de gênero na divisão das tarefas domésticas, somados às pressões impostas por uma sociedade patriarcal, agravam a vulnerabilidade emocional, especialmente entre mulheres de grupos sociais menos favorecidos, como mães solo, negras e indígenas. Para enfrentar esses desafios, Yara sugere ações práticas de autocuidado, adaptadas à realidade de cada pessoa.
Estabelecer limites claros entre as vidas pessoal e profissional, dividir responsabilidades em casa e fortalecer redes de apoio são passos essenciais. Além disso, pequenas práticas diárias, como exercícios de respiração, pausas curtas para relaxar e a inserção de atividades prazerosas na rotina, podem fazer uma grande diferença.
Apesar de desafiador, a prática de exercícios físicos é indispensável para aliviar o estresse e melhorar o bem-estar. “Mesmo que pareça difícil, é importante dedicar um tempo para si, pois esses momentos ajudam a fortalecer a saúde mental e a enfrentar os desafios do dia a dia”, reforça a psicóloga.
Mudanças sociais e políticas públicas
Embora o autocuidado individual seja vital, Yara enfatiza que a sociedade também precisa agir para aliviar a sobrecarga enfrentada pelas mulheres. Isso inclui a implementação de políticas públicas mais eficazes, como incentivos à divisão equitativa de responsabilidades domésticas, ampliação de creches e jornadas de trabalho flexíveis.
Campanhas de conscientização que incentivem a participação dos homens nas tarefas do lar e promovam a igualdade no ambiente de trabalho são cruciais. Segundo a psicóloga, muitas iniciativas voltadas às mulheres, como a Semana da Mulher, precisam ir além de ações simbólicas para promover transformações estruturais. “Não basta distribuir flores. É preciso fomentar debates e cobrar políticas capazes de atender às reais necessidades das brasileiras”, conclui.
Reconhecendo sinais de sobrecarga
Entre os sinais de alerta que indicam sobrecarga mental estão: fadiga constante, dificuldade de concentração, irritabilidade e sintomas físicos, como dores de cabeça e tensão muscular. De acordo com Yara, ao identificar esses sintomas, é essencial buscar apoio, seja por meio de familiares, grupos de suporte ou serviços psicológicos gratuitos oferecidos por universidades e ONGs.
Por: Henrique Britto