Dino Priante.
Meu tio Titilo, como era conhecido em sua cidade Natal, era o filho primogênito de meus avós, Silvestre e Letizia Albricci Savino, portanto irmão de minha mãe. Nasceu em Óbidos, no mesmo local onde se estabeleceram suas agências de viagens. Titilo em português ou Ciccillo em italiano, significa Chico e Francesquinho.
Era casado com a senhora Lucidéia Souza . Sua primeira residência foi ao lado de casa, na Bacuri com a Rui Barbosa, depois reformaram um imóvel mais acima, na mesma rua Bacuri, próximo ao canto redondo, e lá permaneceu até seus últimos dias.
Foi agente da Panair do Brasil, que mantinha para o Baixo Amazonas os hidroaviões, catalina, que amerissavam em pleno Rio Amazonas, sendo dois voos, subindo rumo a Manaus e dois voos descendo rumo a Belém.
Era muito interessante, assistirmos essas amerissagens desses aparelhos, havia uma canoa grande, com assoalho plano, pilotado pelo senhor Cachimbo e o Moreno, que desembarcavam os passageiros e depois levavam os que iriam embarcar, durante esse período, o avião ficava amarrado em uma boia que ficava a uns 250 metros das margens.
Com a falência da Panair do Brasil, aviões da Cruzeiro do Sul, passaram a fazer linha, para Óbidos, a princípio o DC3 e depois o YS11 um turbo hélice, tive oportunidade de voar nos dois tipos de aparelhos. A esta altura, já estava pronto o Aeroporto de Óbidos, uma iniciativa de Dom Floriano e demais empresários de Óbidos, inclusive meu tio Titilo, estava envolvido nesse desafio.
A Cruzeiro faliu, meu tio que agenciava essa companhia de aviação, passou a agenciar a Varig, mas esta não fazia linha para Óbidos e sim para Santarém, então as passagens eram vendidas a partir dessa cidade.
Mas tio Titilo, agenciava também a ENASA, Empresa de Navegação da Amazônia, que utilizava quatro navios, todos de fabricação holandesa, “Leopoldo Peres”, “Lauro Sodré”, “Augusto Montenegro” e “Lôbo D’almada”. fazendo a linha Belém-Manaus-Belem semanalmente.
Foi também agente das empresas de Navegação, como Lloyd Brasileiro, Netumar, Booth Line, em um dos períodos da melhor economia de nossa cidade. Haviam quatro usinas de juta, que exportavam tanto para o mercado interno como para o mercado externo.
Meu tio, tinha um relacionamento muito bom com políticos, os almoços ou jantares para autoridades que visitavam Óbidos, era organizado por sua esposa em sua casa.
Era uma pessoa benquista na cidade, todos os conterrâneos os conheciam bastante. Mas ficou um descontentamento na família, por ocasião de sua candidatura a Prefeitura de Óbidos, perdeu as eleições, com uma diferença de 375 votos, para o senhor Haroldo Tavares, que estava iniciando sua vida política, apesar de todos os figurões da cidade o apoiarem, com a exceção do Juiz de Direito, que era a favor de seu adversário.
Hoje, o aeroporto de Óbidos leva seu nome, acho que meu tio contribuiu bastante para o desenvolvimento de nossa cidade. Mas se foi prematuramente aos 70 anos de idade.
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