Roda de Conversa em Belém destaca a obra sobre o francês Paul Le Cointe, que viveu em Óbidos século XX

Roda de Conversa em Belém destaca a obra sobre o francês Paul Le Cointe, que viveu em Óbidos século XX

Na última quarta-feira, 18 de setembro, a Livraria Travessia, em Belém do Pará, foi o palco de uma Roda de Conversa para a apresentação do livro "A viagem circular de Paul Le Cointe (1900-1901)". A obra, uma transcrição e tradução do diário de viagem do agrimensor e cônsul francês Paul Le Cointe, que viveu em Óbidos no início do século XX, foi organizada pelos pesquisadores Nelson Sanjad, Emilie Stoll e Heloisa Maria Bertol Domingues.

Durante o evento, os professores Nelson Sanjad, Francivaldo Nunes e Valéria Augusti debateram diversos temas abordados no livro, que atraiu um público interessado pela inédita publicação. Entre os tópicos, destacou-se a passagem de Paul Le Cointe por Óbidos Pará e Bolívia, o que despertou grande curiosidade entre os presentes.

Durante a Roda de Conversa

Paul Le Cointe, que chegou a Óbidos em 1891, teve uma trajetória marcante na Amazônia. Sua missão inicial, a serviço do colonialismo francês, foi cancelada pelo governo logo após sua chegada. Contudo, ele optou por permanecer no Pará, onde se dedicou à pesquisa da natureza amazônica, com ênfase no cultivo de cacau e seringueiras, além de contribuir para a história política e econômica da região.

O livro, fruto da redescoberta do diário de Le Cointe em 2011, é o resultado de um esforço conjunto entre a pesquisadora francesa Emilie Stoll, do Centro de Pesquisa da França, e os brasileiros Nelson Sanjad, do Museu Emilio Goeldi, e Heloisa Maria Bertol Domingues.

A obra ilumina a complexa interseção entre colonialismo, ciência e economia na Amazônia no final do século XIX e início do XX.

Galeria de Fotos....

Na_sociedade_de_Óbidos

Apresentamos um trecho constante do livro "A viagem circular de Paul Le Cointe (1900-1901)", sobre Óbidos.

Em 1895, Le Cointe se casou em Óbidos com Maria Corrêa Pinto, filha de uma família proeminente. Seu cunhado, Augusto Corrêa Pinto, era o intendente de Óbidos desde 1889 (Stoll et al., 2017, p. 69-71). Le Cointe apoiou as ações políticas de sua família por casamento e se envolveu nas convulsões políticas do início da República. Em 1900, o Partido Republicano perdeu as eleições municipais e os amigos de Corrêa Pinto enfrentaram dificuldades.

No momento da criação do posto consular, havia apenas três franceses em Óbidos, incluindo um padre “irascível” e um agricultor que retornou à França pouco depois. De junho a setembro de 1899, os conflitos se intensificaram. Le Cointe apoiou o padre em seu conflito com notáveis locais, que o acusaram de tê-los ameaçado com armas. O padre foi expulso de Óbidos e se refugiou em Belém, acompanhado por Le Cointe. O cônsul de Belém teve que intervir várias vezes para acalmar os conflitos com o governador do estado. Todos esses incidentes estão documentados abundantemente no arquivo do posto consular francês de Óbidos – e foram amplamente divulgados em outubro de 1899, no jornal A Província do Pará, de Belém. No final de outubro, o cônsul resolveu retirar Le Cointe de Óbidos, conforme solicitado pelo próprio interessado: “gostaria de me dedicar em tempo integral aos meus estudos, sem ser interrompido por essas intrigas nauseantes. Portanto, minha intenção não é permanecer por muito tempo em Óbidos.” Le Cointe tentou obter um cargo no Museu Paraense de História Natural e Etnografia (atual Museu Paraense Emílio Goeldi), mas isso não deu certo (ver o texto de Nelson Sanjad e Emilie Stoll neste volume). Foi quando ele decidiu partir em uma viagem com sua esposa para a Bolívia......

Acesse o Livro na Íntegra clicando aqui ou na imagem de Capa.

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