O cantor e compositor obidense Eduardo Dias fará uma Live nesta quinta-feira, dia 23, em homenagem aos “30 anos sem Ruy Barata”. A live está programada para iniciar as 21h no Facebook.
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Ruy Barata
Ruy Guilherme Paranatinga Barata foi e, pelo menos através de sua obra, continua sendo um dos encantados da poesia. O Pajé que veio das "profundas" e instalou a modernidade da poesia paraoara (adjetivo que caracteriza o natural do Pará). Seu próprio nome traz essa identidade: PARANATINGA, na região, significa rio (paraná) branco (tinga) ou, como queiram, rio de águas claras. Sua relação com a Amazônia e elemento essente, as águas, é como se fosse predestinada. Isso sem falar que nasceu na esquina (ou "canto" como fala o paraense) dos rios Tapajós e Amazonas, na cidade de Santarém.
Filho de Alarico de Barros Barata, rábula de expressão na região, e de Maria José Paranatinga Barata, Dona Noca, que "cantava como poucas pessoas vi cantar", segundo o próprio Ruy, é fácil compreender o seu pendor para as letras e a música, ou, trocando em miúdos, a poesia. Poesia que se completa tendo no bojo na bujarrona, o húmus silvestre dos "ianomaas" (ou anagrama de Amazônia). A exemplo daquele povo indígena, que resiste como um dos últimos redutos de cultura nativa frente aos dógmas ditos civilizados, a obra de Ruy Barata, principalmente em sua fase final (antes de sua morte em 1990), demonstra quem atingiu a completude do cíclico, em que o novo é a reinvenção com os olhos que nunca viram a novidade no velho.
Isso tudo aliado ao fato de quem fala com a propriedade, de quem tem o conhecimento de causa: a poesia cabocla feita pelo caboclo "mocorongo" (nascido ou natural da cidade de Santarém, Pará). Porque só podemos falar em literatura amazônica com o surgimento do homem amazônico, fruto de um lento processo de aculturação à terra, forjado com ela. Este portanto já é um primeiro indício de modernidade em Ruy Barata, a busca de uma expressão literária autônoma à literatura brasileira. É a fragmentação que, partindo do código literário nacional, busca redimensioná-lo ao universo amazônico: "Eu sou de um país que se chama Pará", diria na letra da música Porto Caribe, parceria com Paulo André Barata, seu filho e grande parceiro musical. Para Ruy Barata "a chamada letra regional é sempre uma letra política". (Cultura Pará)
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