O reforço na vacinação de moradores das comunidades rurais do município de Alenquer, no oeste do Pará, é a prioridade do plano emergencial contra a febre amarela executado pelo governo do Estado na região. O governo enviou a Alenquer na noite da sexta-feira (24) uma nova remessa de vacinas para reforçar o estoque que será levado até a zona rural. São mais 10 mil doses.
O plano de contingência no oeste do Pará inclui a intensificação das ações de controle endêmico, manejo clínico e educação em saúde. Nesta sexta-feira, equipes da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) que estão no município visitaram a localidade onde residia o menino de 11 anos que morreu, na semana passada, em decorrência da enfermidade. Na última quarta-feira (22), a morte foi confirmada como a primeira causada pela doença este ano no Pará. Desde quinta-feira (23) uma equipe técnica da Sespa atua no município, alinhando as ações com as autoridades de saúde locais.
Neste sábado (25), outra equipe, com cerca de 20 profissionais, reforçará o trabalho em Alenquer. São servidores do Corpo de Bombeiros Militar, Defesa Civil, Polícia Militar e do Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp). Um helicóptero também será destacado para a ação.
No mesmo dia, o titular da Sespa, Vitor Mateus, chegará à cidade para se reunir com autoridades e acompanhar as ações. O plano emergencial contempla outras quatro sedes municipais do oeste paraense sob a área de influência da doença (Curuá, Óbidos, Oriximiná e Monte Alegre).
Acompanhamento – O coordenador do Grupo de Trabalho de Zoonoses da Sespa, Fernando Esteves, foi nesta sexta-feira (24) até a comunidade Median, a cerca de 50 quilômetros da sede de Alenquer, e conversou com moradores. A cobertura vacinal já foi feita na localidade, que tem uma morte por febre amarela confirmada e outra sob suspeita. “É importante que vocês recebam bem o agente comunitário de saúde e sigam as recomendações dos profissionais para evitar que mais pessoas fiquem doentes”, frisou Fernando Esteves.
A morte considerada caso suspeito de febre amarela foi a do menino Juan da Costa Sena, 10 anos, que não era vacinado contra a doença. O pai da criança, o agricultor Antônio Júlio de Souza Sena, 37 anos, contou que o filho sentiu um frio muito forte durante uma pescaria. Já em casa, ele teve febre e dor de cabeça intensa. Foi quando a família decidiu levá-lo para o Centro Municipal de Saúde de Alenquer, de onde o paciente foi transferido para o Hospital Regional de Santarém. Após oito dias, Juan não resistiu.
“Depois disso, todos tomamos a vacina, inclusive meus outros dois filhos, que têm 5 e 13 anos. Estamos muito tristes com a morte do Juan, mas isso serviu de alerta e aprendizado não apenas para a nossa família, como para toda a comunidade”, disse Antônio Sena.
Combate - Na comunidade surgiram muitas dúvidas depois dos registros. O procedimento correto, orientou Fernando Esteves, “é tomar a vacina e levar quem adoecer imediatamente para a unidade de saúde mais próxima. Quanto mais rápido o atendimento, melhores as chances de cura”.
Na última quarta-feira a borrifação começou a ser feita nas localidades rurais, para eliminar os mosquitos que podem transmitir a febre amarela, inclusive o Aedes aegypti. “Esse trabalho é importante porque elimina o inseto que passa o vírus para o homem. Fizemos três dias nas comunidades onde foram registradas mortes de macacos e onde houve o registro da febre amarela em humanos”, explicou o biólogo Alberto Soares, do 9º Centro Regional de Saúde (CRS), em Santarém.
FONTE: Agência Pará