Otávio Figueira.
Em cidades do interior há sempre um ponto de referência que não é bombril, porém têm mil e uma utilidades, e que se sobressai a medida da necessidade premente de uma geração em seus feitos até certo ponto hilários.
No final dos anos 60, por carência de opção, o mais movimentado logradouro público sempre foi de longe a Praça Barão do Rio Branco mais conhecida como Praça de Sant'Ana, principalmente no mês de julho.
Ambiente de frequência intensa pelos conterrâneos, visitantes, marreteiros, barraqueiros, proporcionado pela animação de jogos, apresentações de danças e cantorias.
A rigidez com que os pais educavam seus filhos era de forma tão acentuada, clara e objetiva que o próprio "olhar" sinalizava se o procedimento acordado entre as partes tinha sido cumprido ou não.
Refiro-me, então, a idade "certa", convencionada pelos genitores, a partir dos quinze anos, para que suas filhas pudessem dar uma volta na praça e lançar o primeiro sorriso e tocar, de passagem, no dedo mindinho do pretenso e futuro namorado. Só isso mesmo.
Não é demais lembrar que entre os jovens existiam as meninas "rebeldes" que, concordavam com as determinações dos responsáveis, porém não as cumpriam.
Diante desse fato e por um namoro mais avançado, longe das lâmpadas e das candinhas (fofoqueiras), eis que surge o famoso "Beco do Mijo", exalando um odor insuportável, que deu origem à sua própria alcunha, para servir de refúgio e abrigo aos casais mais ousados, desobedientes e teimosos, mesmo sabendo das consequências do cipó assado de cuieira ou do cinturão com a fivela pra baixo que os aguardavam tão logo do retorno as respectivas casas por esquecerem, propositalmente, do horário combinado na base do lema: "o amor é lindo". O epílogo fica por conta de cada leitor.
Finalmente, hoje o "Beco do Mijo" encontra-se totalmente revitalizado, iluminado, calçado, sem o cheirinho de então, até com um jardim bem cuidado pela D. Zenaide, moradora do local, virando a página de acontecimentos extraordinários e lúdicos de várias gerações.