TRATO CAPILAR

TRATO CAPILAR

TRATO CAPILAR, texto de Otávio Figueira que fala sobre os "Barbeiros" de Óbidos.

Há determinados estágios na vida cotidiana que nos remete a momentos inesquecíveis, saudosistas e até melancólicos de uma existência voltada a infância, e parte da adolescência, sem o compromisso da responsabilidade efetiva de estudar, trabalhar e cumprir horários prefixados, tudo na base do comer, beber, dormir e divertir.

Entretanto, essa felicidade efêmera acalantada pelas diversas brincadeiras e divertimentos da época de criança, positivas ou negativas, não saem de nossas memórias, principalmente quando o palco desse enredo é a cidade em que nascemos.

Flanando pelas ruas da city, deparei-me com o "Salão do Billy", ambiente de nome pomposo que trata da beleza capilar dos inúmeros conterrâneos de todas as idades.

Salão do Billy, em Óbidos

Diante desse acontecimento, de pronto, passou um filme na minha mente recordando quando íamos à barbearia do seu Jacó Pinto, por exemplo, para dar uma rebaixada no cabelo.

Entre os tipos de corte o "escovinha" era o mais solicitado e executado pela máquina zero (só existia essa graduação), preferido do papai, pois demorava a crescer.

No entanto, para nós, era o mais cruel não só pelo "selo" que a gente levava da molecada na cabeça pelada como também pela tortura que passávamos quando a máquina endentava no cabelo no ato do serviço. Era o momento de "levitar" de uma pequena tábua colocada nos braços da cadeira, a fim de ficarmos em posição mais elevada para facilitar a visualização da imagem.

Recordo, pois, dos saudosos e excelentes "técnicos" que desempenharam essa nobre profissão: Laurentino, Dadá, Jacó, entre outros.

Por fim, os moradores da rua Bacuri que habitavam nas cercanias do Salão Paroquial também contavam, nas horas vagas, com o prestativo Euler Amaral(Quexé), como "barbeiro particular" na sua própria casa. Só que, por gozação, ele fazia o corte pela metade, ou seja, raspava o cabelo somente de um lado da cabeça e dava como concluído, pois não utilizava espelho. Ao chegar em casa, depois de tanta pilhéria dos colegas de rua, e verificar que algo estava errado, retornava "p" da vida para melhorar o trato capilar, pelando o outro lado.

Por Otávio Figueira.

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