LAGO DO GERETEPAUA, poesia de Délio Matos de Aquino

LAGO DO GERETEPAUA, poesia de Délio Matos de Aquino

Postamos a fotografia do Lago do Geretepaua e o obidense Délio Matos de Aquino fez essa bela poesia que estamos publicando.

LAGO DO GERETEPAUA

Délio Matos de Aquino

E o homem

aquietou o lago

aquietou os peixes

e da imensa sucuri

anestesiou o pitiú

aquietou pássaros

zumbidos de insetos

cantos

assobios

aquietou também

a fome do socó

recolheu nos talos

o inebriante sangue

do timbó

aquietou o vento

a conversa das folhas

as cores insondáveis

das borboletas

as abelhas inquietas

ideias barulhentas

desnecessárias

obsoletas

Aí o homem falou:

- água, também te aquieta

faz pose para o céu

exibe-te à luz

oferta-te

suavemente à nuvem

que serás o molde da arte

Irás neutralizar o tempo

e com o ouro da sutileza

ressoarás no canto

do silêncio

no profundo espelho

do reflexo

e no pleno sexo

da beleza

morarás nas memórias

refinarás oratórias

ao encantar

os olhos do mundo

com agudeza

pra que todos

lembrem sempre

inexoráveis

a singularidade de ser

o que é a natureza

 

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