Ao todo sete dos oito territórios quilombolas do município de Oriximiná participaram da reunião que foi realizada na comunidade do Bacabal na Área Trombetas
No último final de semana de março sete dos oito territórios quilombolas do município de Oriximiná estiveram reunidos na comunidade quilombola de Bacabal, território Área Trombetas I (Acorqat), para participar da escolha da instituição gestora que cuidará da gestão do Fundo Quilombola, que é um mecanismo financeiro construído colaborativamente pensando em um fundo que possa receber recursos para subsidiar as ações aprovadas no Plano de Vida. A reunião iniciou às 10h e contou com a presença representantes da Acorqat (anfitriã da reunião), do Erepecuru (Acorqe), Ariramba (Acorqa), Água Fria (ACRQAF), Boa Vista (ACRQBV), Alto Trombetas I (Mãe Domingas) e Cachoeira Porteira (Amocrec) além da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos de Oriximiná (Arqmo) que acompanha e apóia a construção do Plano de Vida e do Fundo Quilombola.
Durante a reunião comunitários expuseram os avanços na construção dos seus Planos de Vida. No território de Água Fria o diálogo avançou e a comunidade concluiu a elaboração do seu Plano de Vida. No documento elaborado pelos moradores da comunidade temas voltados para a Educação, Saúde, Cultura, Fortalecimento Institucional, Meio Ambiente, Desenvolvimento Econômico e Geração de Renda, além de habitação foram colocados como prioridade. “A gente vê que tudo é difícil, mas a gente vai conseguir junto às melhorias para as nossas comunidades e vamos ver o nosso povo viver de forma mais tranquila com nossos direitos”, ressaltou a coordenadora administrativa da comunidade que durante quase 40 anos da sua vida se dedicou a educação das crianças da comunidade.
Na comunidade do Ariramba, o processo de construção do Plano de Vida está em fase avançada e a construção coletiva envolve jovens, adultos e os idosos. “Nós viemos para participar da reunião que vai fazer a escolha da empresa que vai gerir o fundo quilombola, e isso é muito bom. Eu como jovem estou participando assim como também participo das capacitações do YouTube, do curso de agentes ambientais e a gente ta esperando muita coisa boa para o futuro”, externou Inêz Oliveira, moradora da comunidade do Ariramba que aguarda ansiosa pela entrega definitiva do título de direito da terra. (O Território de Ariramba já concluiu o Plano de Vida).
O coordenador administrativo da Acorqat, Silvano Silva dos Santos foi pontual em suas colocações. “Esse é um tema que a gente vem discutindo há mais de um ano e a gente olha com muita importância para a organização do futuro dos quilombos. Esse é um sonho bem antigo da gente ter uma instituição financeira que pudesse garantir o nosso movimento quilombola ao longo dos anos”, frisou o coordenador após acompanhar mais uma etapa deste processo de construção coletiva e de organização dos povos quilombolas.
A construção do Plano de Vida e do Fundo Quilombola foram iniciados há aproximadamente um ano. Neste período foram realizadas reuniões informativas, de consentimento prévio, diagnóstico do território, elaboração do plano e escolha da instituição gestora, processos que consolidam a construção destas importantes ferramentas que visam o desenvolvimento territorial sustentável, consciente e coletivo. “A gente acredita que é com a união de forças que vamos conseguir as melhorias para as nossas comunidades quilombolas. A gente é povo negro, é quilombola, é povo de raça que luta e sonha com um futuro melhor para os nossos filhos”, enfatizou Claudinete Colé, coordenadora da Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombo de Oriximiná (Arqmo) ao falar sobre a construção destas duas importantes ferramentas.
O programa Territórios Sustentáveis acompanha o processo de construção do Plano de Vida junto aos territórios quilombolas e a Arqmo, entidade que participa e apóia as reuniões de escolha da instituição gestora, o modelo passa a ganhar forma. “Hoje foi o momento em que as sete associações daqui de Oriximiná se reuniram para fazer uma escolha importante nesse processo do Fundo Quilombola que foi escolher a instituição gestora e agora a gente vai trabalhar junto a essa instituição no processo de elaboração do Manual do Fundo que é o documento onde estão inseridas todas as regras do fundo e esse manual será redigido junto às associações e ele juntamente ao Plano de Vida vai estruturar o desenvolvimento dos territórios”, finalizou Bruno Gomes, consultor do Programa Territórios Sustentáveis.
O Programa Territórios Sustentáveis visa contribuir para a construção de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável nos municípios de Faro, Terra Santa, Oriximiná nos eixos Gestão Pública, Gestão Ambiental, Desenvolvimento Econômico, Capital Social e Quilombola. O programa terá duração de quinze anos e é fruto da gestão integrada na Amazônia de três organizações sociais, Agenda Pública, Ecam e Imazon, com apoio financeiro da Mineração Rio do Norte.
FONTE: Ascom/Territórios Sustentáveis