Segundo o levantamento socioeconômico realizado pela Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos de Oriximiná (Arqmo) 112 famílias residem no quilombo de Boa Vista Trombetas, o primeiro a conquistar a titulação de suas terras.
Estabelecer metas para a construção de um desenvolvimento territorial sustentável e que realmente contemple os anseios de toda coletividade. Este é apenas um dos objetivos para a criação do Plano de Vida, uma ferramenta de gestão territorial construída coletivamente que trata de temas como Educação, Saúde, Fortalecimento Institucional, Geração de Renda, Habitação, Cultura e Desenvolvimento Sustentável que teve início em sua construção na comunidade quilombola de Boa Vista Trombetas, no município de Oriximiná, região da Calha Norte paraense.
O trabalho de apoio a construção do Plano de Vida no quilombo de Boa Vista Trombetas foi iniciado pelo Programa Territórios Sustentáveis, por meio do eixo Quilombola, em conjunto com a Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos de Oriximiná (Arqmo) e por representantes da comunidade que possui 112 famílias e da Associação da Comunidade Remanescentes de Quilombos de Boa Vista Trombetas (ACRQBV).
O Quilombo de Boa Vista Trombetas foi o primeiro a conquistar a titulação de suas terras no território nacional, no ano de 1995, e a construção do Plano de Vida é uma importante conquista para os povos quilombolas. “A partir da construção do plano de vida a gente pode buscar recursos para melhorar não somente a nossa comunidade, mas a vida dos moradores e concretizar os sonhos que estavam adormecidos e com o plano de vida a gente voltou a acreditar”, declarou Josielton de Jesus dos Santos, coordenador administrativo da ACRQBV.
Atualmente a Arqmo (Associação das Comunidades Remanescentes de Quilombos de Oriximiná) tem buscado a consolidação dos direitos dos povos dos oito territórios quilombolas de Oriximiná e a construção do Plano de Vida no quilombo de Boa Vista Trombetas é mais um avanço. “Dentro das nossas bandeiras de luta está o olhar de garantir o respeito e os direitos dos povos quilombolas para assegurar que as futuras gerações possam ter uma qualidade de vida melhor e mais digna. Essa tem sido a nossa luta desde Zumbi até os dias de hoje e vamos persistir. A luta não para até a gente conseguir os nossos direitos”, Claudinete Colé.
O trabalho de apoio a construção do Plano de Vida pela equipe do Programa Territórios Sustentáveis, teve início há aproximadamente um ano e tem avançado no sentido da construção de um desenvolvimento territorial sustentável que ofereça melhores condições de vida. “De forma bem geral é uma ferramenta de gestão territorial de planejamento de vida do território de Boa Vista a curto, médio e longo prazo organizadas em temáticas específicas escolhidas pelos comunitários com um objetivo de garantir ações para a sustentabilidade em geral para o território”, enfatizou o consultor do Territórios Sustentáveis Carlos Régis Araújo que informou que o próximo passo será realizar a validação e aprovação do Plano de Vida pelos moradores da comunidade em data ainda a ser definida.
Além da construção do Plano de Vida e Fundo, o eixo Quilombola atua com o trabalho de levantamento socioeconômico com uso do ODK (Open Data Kit), em parceria com a Google Earth Outreach e com a Usaid dentro do Programa Novas Tecnologias e Comunidades Tradicionais, mapeamento colaborativo dos territórios com uso do Google Terra, o fortalecimento institucional por meio de capacitações das associações que representam os territórios, oficinas em comunicação e tecnologia voltadas aos jovens quilombolas, além da facilitação da comunicação das associações de base com o poder público por meio antenas de internet nos oito territórios quilombolas de Oriximiná.
O Programa Territórios Sustentáveis é uma iniciativa que visa contribuir para a construção de uma estratégia de desenvolvimento territorial sustentável nos municípios de Faro, Terra Santa, Oriximiná nos eixos Gestão Pública, Gestão Ambiental, Desenvolvimento Econômico, Capital Social e Quilombola. O programa terá duração de quinze anos e é fruto da gestão integrada na Amazônia de três organizações sociais, Agenda Pública, Equipe de Conservação da Amazônia (Ecam) e Instituto do Homem e Meio Ambiente da Amazônia (Imazon), com apoio financeiro da Mineração Rio do Norte.
Fonte: Ascom/Territórios Sustentáveis