A Campanha Nacional de Seguimento da Poliomielite e do Sarampo começará, na próxima segunda-feira (23) em todos os municípios da região Oeste do Estado, ou seja, 15 dias antes da data oficial que é 6 de agosto. A informação foi dada, nesta quinta-feira (19), em entrevista coletiva, pela coordenadora estadual de Imunização da Sespa, Jaíra Ataíde. A antecipação foi autorizada pelo Programa Nacional de Imunizações (PNI) do Ministério da Saúde, que acatou os argumentos epidemiológicos apresentados pela Sespa.
O objetivo é vacinar indiscriminadamente contra a poliomielite e sarampo as crianças de um a quatro anos de idade, para reduzir o risco de reintrodução do poliovírus selvagem e do sarampo no Estado. Para essa campanha, será usada a vacina oral (gotinha) contra a polimielite e a tríplice viral, que protege contra sarampo, caxumba e rubéola.
Ela afirmou que a campanha é destinada apenas às crianças de um a quatro de anos de idade. “Não dá para sair vacinando todo mundo porque não há essa necessidade, portanto, não haverá vacina para adulto nesta campanha. Vamos garantir a vacina para quem está exposto ao risco”, explicou a coordenadora. “O desafio maior é conseguir a cobertura de 95% de todas as crianças de um a quatro anos”, ressaltou Jaíra.
Também participou da entrevista a chefe da Divisão de Vigilância Epidemiológica, em exercício, Martha Nóbrega, que deu informações sobre os casos suspeitos de sarampo notificados no Pará.
Ela disse que, até o momento, foram notificados 18 casos suspeitos de sarampo, dos quais quatro já foram descartados com exame de sorologia feito pelo Laboratório Central do Estado (Lacen), um caso foi confirmado no município de Terra Santa, e 13 ainda estão sob investigação, sendo que desses 13 casos, dois do município de Juruti tiveram sorologia positiva e as amostras de sangue foram, então, encaminhadas para exame de isolamento viral no laboratório da Fiocruz.
O caso suspeito de Terra Santa é de um jovem de 18 anos, que mora em Manaus, mas tinha ido para a casa da sua mãe em Terra Santa, restabelecer-se de uma cirurgia de apendicite, realizada na capital amazonense. Ele apresentou febre, exantema (manchas avermelhadas na pele), tosse coriza, conjuntivite e artralgia (dor nas articulações), sem história de viagem para outro município ou estado, e sem contato com caso suspeito ou confirmado da doença.
Já os casos suspeitos de Juruti são de uma criança de nove meses e de seu pai de 20 anos de idade, que também apresentaram sintomas como febre, exantema, tosse, coriza, artralgia e presença de gânglios.
Martha enfatizou que a maioria dos casos notificados tem histórico de residência ou viagem ao estado do Amazonas, que está enfrentando um surto de sarampo. “Então, até o momento, não temos indício de circulação do vírus do sarampo no Pará”, afirmou a epidemiologista.
Jaíra acrescentou que quando é notificado um caso suspeito, a Secretaria Municipal de Saúde realiza imediatamente o bloqueio vacinal, que consiste em fazer busca ativa nos locais de circulação dos casos suspeitos para verificar se as pessoas com quem mantiveram contato estão ou não com a vacina em dia.
“Assim, vacinamos todas as pessoas que não comprovarem que já tomaram vacina contra o sarampo, com exceção dos adultos com mais de 40 anos, que automaticamente, ao longo da vida, já entraram em contato com o vírus da doença”, explicou a coordenadora estadual.
Importante ressaltar que na rotina dos postos de saúde, estão disponíveis a vacina triviral (sarampo, caxumba e rubéola), para crianças de 12 meses, e a tetraviral (sarampo, caxumba, rubéola e varicela) para crianças de 15 meses, ambas com dose única. Porém, em muitos municípios a cobertura está abaixo da preconizada pelo Ministério de Saúde (95%).
No que tange à poliomielite, há 17 municípios em situação de alerta para a doença por estarem com baixa cobertura vacinal. São eles: Curralinho, Breves, Afuá, Santa Bárbara, Eldorado do Carajás, Pau D’Arco, Portel, Bagre, Curionópolis, Viseu, São Geraldo do Araguaia, Ananindeua, Marituba, Jacareacanga, Melgaço, Porto de Moz e Chaves.
Sarampo – É uma doença infecciosa aguda, viral, transmissível, extremamente contagiosa. Os sintomas iniciais são febre, tosse persistente, irritação ocular e coriza. Após esses sintomas, geralmente há o aparecimento de manchas avermelhadas no rosto, que progridem em direção aos pés. Também pode causar infecção nos ouvidos, pneumonia, convulsões, lesão cerebral e morte.
A transmissão ocorre diretamente, de pessoa a pessoa, geralmente por tosse, espirros, fala ou respiração. Além de secreções respiratórias ou da boca, também é possível se contaminar por meio da dispersão de gotículas com partículas virais no ar, que podem perdurar por tempo relativamente longo no ambiente, especialmente em locais fechados como escolas e clínicas. A suscetibilidade ao vírus do sarampo é geral e a única forma de prevenção é a vacinação.
Roberta Vilanova/Ascom/Sespa