Os povos indígenas do Território Wayamu, que abrange áreas do noroeste do Pará, nordeste do Amazonas e sudeste de Roraima, estão se mobilizando para promover o Turismo de Base Comunitária (TBC) como uma estratégia para proteger suas terras e fortalecer suas comunidades. A iniciativa visa coibir invasões e práticas ilegais de turismo e pesca, que têm ameaçado a integridade ambiental, social e territorial da região.
O Território Wayamu é composto pelas Terras Indígenas Nhamundá-Mapuera, Trombetas-Mapuera, Kaxuyana-Tunayana e Ararà, onde vivem diversos povos indígenas, incluindo grupos em isolamento voluntário. A crescente pressão de empresas de pesca esportiva, que exploram áreas preservadas sem respeitar a legislação ambiental e os direitos indígenas, tem levado essas comunidades a buscarem alternativas sustentáveis.
Em junho, o Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação Indígena e a Fundação Nacional dos Povos Indígenas (Funai) organizaram um encontro em Santarém, no Centro Experimental Floresta Ativa (CEFA), na Reserva Extrativista Tapajós-Arapiuns. O evento, que contou com 80 participantes, incluindo lideranças indígenas, representantes de oito organizações, Ibama e Ministério Público Federal, teve como objetivo capacitar as comunidades para o desenvolvimento do TBC.
As discussões focaram em aspectos legais e técnicos do turismo em Terras Indígenas, com ênfase na pesca esportiva, e buscaram fortalecer a governança das comunidades, promovendo autonomia e segurança nas iniciativas. As lideranças indígenas compartilharam experiências e destacaram as vantagens do TBC em relação às atividades ilegais, identificando oportunidades em regiões dos rios Jatapu, Mapuera, Trombetas e Cachorro.
O coordenador da Associação Aymara, Benaias Waryeta, ressaltou a importância da gestão coletiva no TBC, contrastando com o turismo de pesca esportiva promovido por empresas privadas ao longo de 17 anos. Zacarias Wai Wai, liderança da Aldeia Mapuera, destacou a importância do aprendizado coletivo: “Entendemos bem. É muito bom quando a gente trabalha junto com nossas associações dentro do Território Wayamu. Quero fazer organizado, e não quero mais gente chegando na aldeia e falando diferente.”
O encontro também resultou em um planejamento detalhado para a gestão comunitária dos empreendimentos, incluindo a repartição dos benefícios e a preservação de áreas sensíveis. Todos os participantes concordaram com a necessidade de seguir os passos legais, incluindo estudos ambientais e consultas comunitárias, para a implementação do TBC.
A União do Território Wayamu reafirmou seu compromisso com o desenvolvimento sustentável e a proteção dos territórios indígenas, promovendo uma gestão que respeite e valorize a vida e as culturas locais.
Saiba mais sobre o trabalho do Instituto Iepé no site.
FONTE: Thaís Herrero