Criadora de búfalos, em Almeirim, se destaca com queijo artesanal no Baixo Amazonas

Criadora de búfalos, em Almeirim, se destaca com queijo artesanal no Baixo Amazonas

Sandra Maria de Sousa, de 49 anos, é dona do próprio negócio e comemora a boa produção do sítio que ela mantém com a assistência da Emater.

Atendida pelo escritório local da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Estado do Pará (Emater) de Almeirim, no Baixo Amazonas, há um ano, Sandra Maria de Sousa, de 49 anos, é dona do próprio negócio". "Sou dona da minha vida, dona do meu destino e dona do meu dinheiro. Sou mulher, sou forte, sou independente. Feminismo é prática e eu me considero exemplo para outras mulheres de origem campesina e para as meninas, futuras mulheres", destaca ela.

Sandra Sousa é microempresária e tem uma rotina de trabalho com 120 cabeças de búfalo. Ela ordenha, todos os dias, mais de 100 litros de leite e tem a produção mensal de 100 quilos de queijo tipos "coalho" e "manteiga".

 

A microempresária do agro transformou uma história de violência doméstica em um case de sucesso: "Por duas décadas estive em um casamento abusivo com um homem que bebia muito - era humilhada, xingada, eu fazia de tudo, labutava junto até não poder mais, e ele não reconhecia e me negava centavos", recorda Sandra Sousa.

Na partilha de bens pelo pedido de divórcio, que já tem sete anos, ela conquistou o Retiro Sousa Gomes II, na comunidade São Francisco de Assis, às margens do rio Paranaquara, e um tanto do rebanho bubalino: "E aí eu só cresci, evoluí, deslanchei. Consegui recursos, instalei placas solares. Meus resultados vêm do meu esforço. Eu resolvo todos os meus problemas", comemora. A única mão-de-obra de apoio é a do companheiro atual, Genildo Castelo, de 42 anos. "Ele é meu assistente", observa.

O leite de búfala é um dos principais alimentos do dia a dia do casal, misturado a café assim que o sol nasce e como ingrediente de receitas, já o volume de queijo é comercializado nas redondezas e nos barcos-de-linha que trafegam na região, no rumo do pólo Santarém e do estado vizinho Amapá.

"Hoje, eu tenho o relacionamento que eu escolhi e o serviço que eu desenvolvi. As oportunidades para meninas e mulheres parecem limitadas e mudar isso exige não só de nós, e sim de toda a sociedade", diz.

Em setembro passado, a pecuarista recebeu seu primeiro crédito público, por meio de projeto da Emater e liberação pelo Banco do Estado do Pará (Banpará): R$ 30 mil da linha Banpará-Bio investidos na aquisição de dez matrizes da raça murrah-mestiça.

"Minha expectativa agora é, incluindo a parceria da Emater, melhorar as vendas, participar da implementação de uma agroindústria comunitária e dar nome e imagem à marca do meu queijo. São muitos planos e eu não paro de sonhar e muito menos de lutar", enumera.

Para o chefe do escritório local da Emater em Almeirim, o técnico em agropecuária Elinaldo Silva, reconhecer questões de gênero é fundamental para a efetividade de políticas públicas no campo: "Nós, como Emater, conferimos tratamento muito especial a essas mulheres com toda uma tradição de jornada dupla, tripla; que concentram experiências únicas de saber ancestral e de arranjo familiar, mas que, ainda, representam vulnerabilidades, como menos acesso a escolaridade, risco de violência física e psicológica, risco de violência patrimonial. Elas estão à frente de empreendimentos, geram renda, debaixo de chuva e sol, é um esforço árduo de resistência e continuidade", contextualiza.

FONTE: Agência Pará  - Texto de Aline Dantas de Miranda

 

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