Jorge Ary Ferreira.
Uma das coisas que mais prezo na vida, é um bate-papo despretensioso, aquele que a gente encontra em uma esquina, em uma calçada, senta para conversar coisas do dia a dia. E justamente nesses momentos é que surgem coisas pitorescas, que nos levam a dar gostosas gargalhadas. Acontecem ao acaso, por pura coincidência encontramos alguém que nos dá prazer em conversar, e aí posso citar uma gama de amigos, dentre elas meus diletos amigos Astésio, Piauí, Raimundo Jose, Inchado, muitos inclusive já não estão mais conosco, como Camarão do Doda, Tio Dó, Hélcio Amaral..., é uma vasta lista de conterrâneos queridos que sempre me dão o prazer de um bom papo.
Há uns 8 anos atrás, estava em casa um sábado de manhã, quando alguém bateu no portão, a pessoa que foi atender voltou e disse que um senhor que estava a minha procura, fui até o portão e tive o prazer de receber a visita do meu amigo “BÊJA", popularmente conhecido na cidade como mata Onça, alcunha pela qual jamais o tratei, que trazia na mão um pé de abacateiro de presente para o meu quintal, entrou fomos lá pro fundo do quintal bater papo, plantamos o abacateiro, quando me garantiu que de quatro eu poderia não colher, mas que abacate de três quilos e meio, três e seiscentas, eu podia contar, e passamos uma manhã agradabilíssima, uma conversa maravilhosa, muito a respeito da sua vida dos anos que trabalhou na mineração Rio do Norte, onde passou grande parte da sua vida profissional como jardineiro, atividade que conhecia como poucos, e demonstrava muita segurança quando narrava suas técnicas de adubação, poda, enxerto, além de ser uma pessoa que dispensava um carinho muito especial por mim, e que hoje dia 24 de novembro está fazendo 3 anos da sua partida deste plano.
Nunca vi seu Bêja contando fatos irreais, ele sempre me passou a imagem de uma pessoa muito trabalhadora e muito séria, porém a cidade sempre criou esse fato, de afirmar a respeito de suas anedotas, suas lorotas, dentre as quais tem algumas inclusive muito gozadas, que não me foram narradas por ele, mas que as pessoas que contaram, realmente contaram com muito brilhantismo e me fizeram rir bastante.
Certa vez me disseram que o encontraram na rua com muita pressa, indagado que foi do porque daquela pressa, ele responde com aquele sotaque que lhe era bem peculiar:
- rapaz não me atrasa, estou atrás do meu passarinho que fugiu de casa com gaiola e tudo, tu não sabes!
Outra, foi a respeito do seu cachorro, um animal especial, um caçador sem igual, quase todos os dias defendia o almoço da família, tomava conta do seu sítio e era seu companheiro fiel, quando um dia ele chegou do roçado, encontrou o cachorro latindo para todo lado, babando, com os olhos vidrados, querendo morder as pessoas, correndo atrás das galinhas para todo lado, não obedecia mais seus comandos, mordia as árvores do terreiro, então ele foi orientado a abatê-lo, pois a possibilidade de ser raiva canina era muito grande, o cachorro ficou doido de uma hora para outra. Ele então com muita pena, pegou a espingarda e matou o cachorro de estimação, e sempre que narrava esse fato, fazia a seguinte afirmação:
- e pois não é esse homem, que desse dia em diante, as árvores que ele mordeu também ficaram doidas, não me admirei tanto da pitombeira passar a dar bacaba, mas a Laranjeira dar melancia, abacate, cutite, e o pior, quando pororocou os ovos da galinha mordida por ele, além de seis pintinhos tinha dois picotes e uma piaçoca..., e assim as histórias do meu querido e saudoso amigo “seu BÊJA" ganharam o mundo, e lá de cima com certeza é mais uma estrela obidense olhando por todos nós, esteja com Deus meu querido!