A navegação pelos rios faz parte do dia a dia de muitos paraenses e é uma realidade que eleva a preocupação com a segurança de todos os passageiros destas embarcações. Desde 2009, a lei federal nº 11.970 regulamenta a instalação de cobertura no volante e no eixo dos motores dos barcos ribeirinhos, visando reduzir os acidentes com escalpelamentos na Amazônia.
Em alusão ao Dia Nacional de Combate e Prevenção ao Escalpelamento, celebrado no próximo dia 28, a Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) está realizando a IV Semana Estadual de Enfrentamento ao Acidente de Motor com Escalpelamento.
A programação reúne ações educativas e de saúde e o "III Colóquio do Atendimento Escolar Hospitalar da Fundação Santa Casa do Pará e Espaço Acolher", que ocorrerão nesta terça-feira (27), entre 8h e 15h, na escola municipal Milton Monte, na ilha do Combu, região metropolitana de Belém.
Durante as ações, integrantes da Diretoria de Políticas de Atenção Integral à Saúde (Dpais) oferecerão serviços para a comunidade, como emissão de cartão SUS e Sisreg; testes rápidos para detecção de HIV, sífilis e hepatites B e C; distribuição de preservativos; avaliação nutricional; verificação de glicemia e pressão arterial e orientações para melhor higiene bucal, com entrega de kit, contendo escova, creme e fio dental.
Por outro lado, o Colóquio realizado pela equipe da Santa Casa consistirá numa roda de conversa com professores e pais, sobre prevenção ao acidente com escalpelamento e ações educativas e pedagógicas, agregando oficina com crianças e distribuição de kits pedagógicos.
Nos dias 28 e 29, integrantes da Dpais e de faculdades parceiras estarão no Terminal Hidroviário e nos portos do Sal, Arapari e Palmeiraço, fazendo abordagens informativas aos barqueiros, para a importância da cobertura do eixo do motor, e com a população, para os cuidados que devem tomar para evitar o acidente.
Em apoio à causa da campanha, a Capitania dos Portos da Amazônia Oriental (Cpaor) também está conduzindo uma campanha paralela nos rios do Pará, com fiscalizações, orientações, doações de coletes salva-vidas e instalação gratuita de placas de ferro, que minimizam os riscos de acidentes envolvendo embarcações.
Escalpelamento
O acidente acontece quando os cabelos de um passageiro ou passageira se prendem ao eixo do motor e a força arranca violentamente o couro cabeludo e algumas áreas do rosto, deixando cicatrizes e deformações para o resto da vida. Provoca muitas dores e a intensa hemorragia pode levar à morte. Além de muito dolorido, o tratamento normalmente se estende por anos, causando traumas e sofrimentos para as vítimas e seus familiares.
No Pará, nos últimos quatro anos, as ocorrências se deram da seguinte forma: 10 casos em 2015, sete em 2016, um em 2017, sete em 2018 e sete em 2019. Os casos deste ano ocorreram com vítimas residentes nos municípios de Breves, Melgaço, Porto de Moz, Santa Izabel e Anajás, todos com intensa movimentação de embarcações.
"Muitas delas sobrevivem. Resgatamos a autoestima abalada pelas sequelas do acidente e atuamos com todo carinho possível, porque a recuperação é longa e é preciso paciência para lidar com o fato. Muitas precisam abandonar a vida na própria cidade para residir temporariamente em Belém", afirma a psicóloga Jureuda Guerra, do Espaço Acolher, da Fundação Santa Casa de Misericórdia do Pará.
Em caso de acidentes, a vítima deve receber os primeiros socorros no município, daí a importância das capacitações para profissionais de saúde. Após este primeiro atendimento, é preciso seguir para o hospital de urgência e emergência, onde receberá continuidade do tratamento até seguir para a Santa Casa, em Belém, que é referência para esses casos.
As campanhas ocorrem durante o ano todo e são intensificadas nas vésperas de datas específicas, como carnaval, Círio de Nazaré (em outubro) e Natal.
A luta pela redução dos casos de escalpelamento resulta de um trabalho integrado feito pela Comissão Estadual de Enfrentamento aos Acidentes com Escalpelamento (Ceeae), composta pela Sespa, Marinha do Brasil, Fundação Santa Casa de Misericórdia, Defensoria Pública do Pará, Secretaria de Estado de Transportes (Setran), Capitania dos Portos, Ministério Público do Pará, Sindicato dos Médicos, Sociedade Paraense de Pediatria e Secretaria de Estado de Educação (Seduc), entre outras entidades parceiras.
Serviço:
Para informar sobre vítimas de escalpelamento ligue para a Diretoria de Políticas de Atenção Integral à Saúde (Dpais) da Sespa: (91) 3223-8170 ou para a Fundação Santa Casa: (91) 4009-2262.
Fonte: Agência Pará