ACOMUNIDADE DE ÓBIDOS: Muratubinha

ACOMUNIDADE DE ÓBIDOS: Muratubinha

Por João Canto. 

A Comunidade de várzea do Muratubinha fica localizada na Costa Fronteira de Óbidos, no oeste do Pará, cerca de 10 km da cidade, subindo o Rio Amazonas, nas proximidades do Muratuba e do Paraná de Dona Rosa. Têm como padroeira Nossa Senhora da Conceição, festejada todo ano em dezembro, com círio e festa, desde 1938.

Festividade de NS da Conceição

Muratubinha é considerada uma comunidade de remanescentes de quilombos e sua fundação data da época do século XIX, ainda na época da escravidão(i). A comunidade está em processo de regularização de suas terras e do reconhecimento de identidade com certificação de comunidade quilombola.

Quanto ao patrimônio histórico, há a igreja da comunidade que tem sua construção datada de 1857, e com sua festividade realizada sempre no mês de dezembro, que homenageia Nossa Senhora da Conceição. Outro patrimônio é escola Antônio Carvalho de Moraes, que leva a educação à comunidade, que foi construída e inaugurada em 31 de dezembro de 2000.

Igreja de NS da Conceição

Entretanto, o maior patrimônio natural desta comunidade é o próprio Igarapé Muratubinha, um dos afluentes do lado direito do Rio Amazonas, nasce no próprio Rio Amazonas e desagua no Lago Cativo, com cerca de 16km de extensão, e cujo nome significa tribo de índios (mura) e forte (tuba). O Igarapé corta ao meio a Comunidade Muratubinha (i).

Este igarapé é fundamental para a comunidade, pois é o único meio por onde os comunitários trafegam via fluvial, tanto para procurar o pescado, uma fonte alimentícia fundamental para esta comunidade, como para ir à cidade comprar e vender gêneros alimentícios e outros.

Igarapé do Muratubinha (Foto Fanpage Muratubinha)

A comunidade vive o regime de cheia e vazante, ou seja, a vazante deixa rios apenas com filetes de águas e as enchentes inunda toda a região. Nesse sentido, as mudanças paisagísticas na região são radicais, assim como as atividades econômicas e sociais nas vidas desses ribeirinhos.

Em época de cheia, o Igarapé Muratubinha funciona como via de transporte à comunidade, enquanto que na época da vazante sua função viária diminuía fortemente. Nos anos 90 foi feita então, uma espécie de barragem hidráulica na confluência do Igarapé com o Rio Amazonas, impedindo a acelerada vazão da água das cheias que preenchia o espaço do Lago Cativo.

A viagem da boca do Igarapé até o lago Cativo pode ser feita em embarcações do tipo "rabeta" ou "bajara", e no trajeto pode-se observar a beleza da flora e da fauna do local. O lago Cativo é um ambiente nascedouro de aves em época de vazante. Podemos encontrar também diversas espécies de peixes tais como surubim, acari, pacu e tucunaré e outros.

Igarapé do Muratubinha (Foto Fanpage Muratubinha)

Referente as atividades econômicas, na região do Muratubinha já se plantou juta e tornou-se o “carro condutor” da política governamental federal para a fixação da população no campo na década de 40. “Em uma dessas localidades se encontrava Muratubinha , de Óbidos, que nos anos 40 era uma das áreas de cultivo e comercialização do produto. Contudo, a produção e comercialização acabaram por entrar em processo de decadência, por conta das fibras sintéticas (Canto, 2010).

Conforme artigo (RML), outro produto de destaque desta comunidade foi o cacau. O município de Óbidos sempre se destacou na produção de cacau, no período colonial e republicano, sendo inclusive uma cidade desenvolvida em termos de atividade exportadora do produto. A coroa Portuguesa foi uma das produtoras de cacau nesta região. No período Imperial, o império apossou de um território cuja plantação de cacau chegara há pelo menos 30 mil pés em área de várzea. Essa propriedade recebeu o nome de Cacoal Imperial, onde situada entre as comunidades de Santa Rita e Vila Barbosa, pertencentes ao Programa de Assentamento Agroexportador. Os polos atuais de produção cacaueira em Óbidos são: São Lázaro, Santa Cruz e Livramento. Hoje a comunidade Muratubinha é produtora hortaliças, trabalhar com a pecuária e a pesca.

Na cheia ou na vazante, a beleza do lugar é incomensurável. A vazante muitos detalhes que durante a cheia ficam submersos, são vistos e admirados por quem passa pelo lugar. Andar por estas paragens nos dois períodos é uma grande oportunidade de observar e vivenciar o que a região tem a oferecer de mais desafiador e belo.

Fonte de pesquisa: (i) Resgate da Memoria Local (RML)

www.obidos.net.br – Fotos de João Canto e Fanpage Muratubinha

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